O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.
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O matador de toiros mexicano Carlos Ruiz Camino (Carlos Arruza) foi agraciado em 1957 em Espanha com a Cruz de Beneficência pelo muito que fez pela obra de protecção de crianças e pobres tuberculosos de Santander.
A “Orden Civil de la Beneficencia” foi criada por Real Decreto em 1856 – Isabel II – para premiar e distinguir as pessoas que em tempo de calamidades públicas prestaram serviços extraordinários à comunidade.
Apreciar a tauromaquia como arte e cultura é uma questão de sensibilidade que está relacionada com valores éticos ligados a uma tradição centenária dos povos da Ibéria.
Na foto o professor Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo forcado amador José Luís Gomes e o cronista taurino Maurício Vale apreciadores da tauromaquia portuguesa.
Na discussão de hoje do Orçamento de Estado, o Sr André resolveu falar contra a tauromaquia, coisa que tem sido uma sua obsessão desde que tem um lugar no Parlamento em representação do Partido das Pessoas, Animais e Natureza.
O Sr. André poderia referir-se à necessidade de acolher milhares de sem-abrigo resultantes do aumento da pobreza no país, ou na proteção de crianças maltratadas e abandonadas. Isto para falar de pessoas.
O Sr. André poderia falar também na necessidade de se limparem as ruas e jardins tão conspurcados pelos cães. Isto para falar de animais.
O Sr. André ainda não reparou que o “animalismo” é contra a ecologia, contra a natureza? Não entende nem sabe que a maior proteção ecológica na Península Ibérica e no sul de França reside exactamente onde estão localizadas as ganadarias da raça brava, em que cada animal dispõe de mais de um hectare de terreno e que esses espaços são autênticas reservas ecológicas no que diz respeito à fauna e à flora, como se pode verificar em Portugal nos campos destinados à raça brava no Ribatejo e no Alentejo onde o toiro é criado num ambiente o mais natural possível.
O Sr. André pertence aquela gente que desconhece o campo, a ruralidade e, provavelmente, pertence aos que só vivem nas grandes urbes e nunca viram uma galinha ao ar livre e são envolvidos pelo consumismo galopante, desrespeitam os meios rurais, a pastorícia e a floresta e aprovam o cão em cativeiro no apartamento do quinto andar esquerdo, desde que tenha comparticipação de despesas veterinárias…
O Sr. André, se vivesse no campo, saberia por certo que cães e gatos fazem parte do sistema ecológico e que têm também a função de reciclar restos de comidas, sobra de refeições e controle de ratos e ratazanas. O Sr. André fará parte dos que aos cães e gatos só lhes dão ração, ração industrial.
O Sr. André precisa de ir ao campo apanhar ar e ver a natureza. Ver as pessoas que trabalham a terra. Ver a pastorícia. Ver os animais e as plantas. Ver os verdadeiros valores da terra na sua essência.
Se for ao Ribatejo, o Sr. André poderá comer uma sopa de pedra, uma massa à barrão, uma rinzada de borrego. Se for ao Alentejo o Sr. André deverá começar por uma sopinha de beldroegas e uns dias depois já pode comer uma sopa de cação e também uma favada de caça, com um tinto das encostas de Pias. Isto para sair desse costume vegetariano de alfaces e pepinos à moda de Lisboa que o trazem tão mal encarado…
Por lá e com sorte, ainda vai ver uma pega de caras!
Se a maioria dos media e a alguns dos mandantes deste país – que não sabem ver a diferença entre uma vaca barrosã e uma mertolenga – alinhados pelo “politicamente correcto” e ao gosto de Bruxelas, são indiferentes ou contra a cultura taurina e semicerram os olhos às ofensivas contra o toiro bravo, contra os ganaderos, contra os toureiros, forcados e campinos, terão que ser os aficionados nas suas Tertúlias e Clubes Taurinos a sustentarem com determinação a defesa da tauromaquia, que teve origem nos povos da Península Ibérica onde, em tempos ancestrais os cavaleiros treinavam os seus cavalos e lanceavam toiros bravos aproveitando a condição de acometer dessa raça de bovinos.
Muito antes de surgirem as pátrias que deram origem aos reinos de Portugal (Afonso Henriques) e da Espanha (Reis Católicos), já os romanos se referiam aos povos da Lusitânia dizendo que estes costumavam “combater a cavalo os toiros que têm fúria”. Esses cavaleiros, nesses combates, faziam exercícios para adestrar os cavalos, treinar os seus reflexos e prepara-los para as batalhas na defesa do território e das suas populações.
Mais tarde desenvolveu-se o toureio a cavalo, como espectáculo em recinto fechado, tendo sempre por base as regras da cavalaria: enfrentar os toiros de frente e dando-lhes a vantagem de permitir a investida.
Quando terminou a dinastia da Casa de Áustria, quando o trono de Espanha foi ocupado por um rei afrancesado – Filipe V, duque de Anjou – a tauromaquia teve uma paragem, porque o toureio a cavalo desenvolvido pelos nobres não tinha o agrado daquele monarca – mais acostumado às danças de salão nos palácios de Paris – e que ficava confuso e aflito ao ver a investida de um toiro bravo carregando na montada de um cavaleiro toureiro. Mas o povo espanhol não se conformou com a proibição e desenvolveu-se o “toureio a pé”.
“Toureio a pé” e não toureio apeado, porque não foram os cavaleiros nobres que se apearam para lidar os toiros, mas sim homens do povo que a pé e com a capa dominavam os toiros e lhes davam a morte com a espada.
Porém em Portugal a arte do toureio equestre continuou, foi-se aperfeiçoando e quando a rainha Maria II proibiu a morte dos toiros na arena, passou esta sorte a ser substituída pela pega executada pelos moços de forcado.
Têm portanto estas diferentes tauromaquias fortes tradições nos povos peninsulares e fazem parte das suas culturas, sendo hoje manifestações culturais não só das nações ibéricas, mas também dos povos do sul de França e de alguns países da América Latina com destaque para o México.
Cultura tauromáquica que inspirou outros artistas com temas taurinos, na música, na pintura, na escultura, na literatura, etc.
Filósofos e pensadores à tauromaquia se têm referido e se, por exemplo, José Ortega y Casset se expressou “não ser possível entender a História de Espanha sem ter em conta a festa dos toiros”, o nosso Miguel Torga referiu-se à trilogia “campino-cavalo-toiro” como “as últimas forças viris da Criação, das eras selvagens e testiculares que a civilização castrou.”
Já o mestre Ramalho Ortigão, como que em remate de lide, aquando da demolição da Praça de Toiros de Sant’Ana, desabafava contra a “jigajoga”:
“Eu, humilde intérprete do povo, só uma coisa oponho: é que má raios partam o zelo tísico de tanto maricas, de tanto chochinha, de tanto lambisgóia."
Passaram os tempos mas os lambisgoias continuam por aí, em bicos dos pés e à moda de Bruxelas.
Em Maio de 1956 o Rei Faisal II do Iraque assistiu à última corrida de toiros da Feira de Santo Isidro, na Praça de Las Ventas em Madrid, acompanhado pelo Generalíssimo Francisco Franco.
Nessa corrida com toiros de Alipio Pérez-Tabernero actuaram os matadores venezuelanos Antonio Bienvenida e César Girón e o mexicano Joselito Huerta.
Dois anos depois – em 14 de Julho de 1958 – num golpe de estado conduzido por oficiais republicanos comandados pelo General Abdel Salam Aref, a Monarquia do Iraque foi derrubada e o Rei Faisal II e a sua família foram assassinados durante um massacre no Palácio Rihab.
Como é habitual a Tertúlia Tauromáquica realizou o seu jantar mensal na Pousada dos Loios.
Em 7 de Março de 2016 foi convidado de honra o Dr. Manuel Jorge Díez dos Santos que se fez acompanhar pela sua mulher Maud.
O convidado aproveitou para fazer a divulgação do seu livro “Manuel dos Santos – O Homem eo Toureiro” e explicou a sua vontade de deixar reunido neste livro uma série de crónicas e fotos e diversos documentos relacionados com a vida de seu pai, não só como grande toureiro que foi, mas também a sua faceta de empresário e abordando também outras recordações de âmbito familiar.
Foram várias as perguntas e também as memórias de quem acompanhou em alguns momentos da vida de Manuel dos Santos, com destaque para João Patinhas e Simão Comenda que se referiram principalmente às iniciativas realizadas pelo antigo matador e empresário no que diz respeito à divulgação da tourada à portuguesa em alguns países.
Jantar muito agradável com todos os presentes agradados e muito interessados nas descrições da vida de uma figura importantíssima para a tauromaquia como foi Manuel dos Santos.