O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.
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Apresentação do livro “Arenas” – dedicado à memória de Luís Freire Gameiro
22 de Maio de 2016 - Beja
O momento mais importante da reunião de aficionados do Círculo Taurino do Alentejo na Feira OVIBEJA: a oferta do livro “Arenas” a Josyane Freire Gameiro, esposa, mãe e avó de valorosos forcados do Grupo de Santarém.
Conforme o programa da 33ª. Ovibeja – Feira que se realiza na cidade de Beja de 21 a 25 de Abril de 2016 – efectuou-se o lançamento do livro Arenas.
Livro de temas e crónicas tauromáquicas que foi apresentado cerca das 18 horas no dia 22 e que o autor dedicou à memória do forcado amador Luís Freire Gameiro.
Na foto Joaquim da Silveira Policarpo; o autor Manuel Peralta Godinho e Cunha; Joaquim Serrão Fialho e Manuel Calejo Pires, que fizeram a apresentação deste livro editado pelo Círculo Taurino do Alentejo.
(…)As Praças de Toiros, com mais ou menos motivos arquitectónicos, estão inseridas no urbanismo de muitas cidades e vilas e fazem parte de um património histórico, artístico e cultural dos seus povos. A Praça de Toiros não é só do município, da misericórdia ou do empresário. É também do povo, principalmente no que diz respeito ao seu imaginário, à mais profunda simbologia ritual e mística do toiro e do toureiro. A Praça de Toiros para muitos é como um local sagrado e não deve ser destruída ou desfigurada, porque sempre a conheceram assim e desempenhou um papel de enorme importância nas feiras e romarias, onde a tourada sempre foi incluída nos ritos das festividades e diversões populares.
No toureio a pé, depois de terminar a faena, chega a hora da verdade, a “suerte de matar” – a sorte suprema – que é o culminar da lide e decisiva para atribuir os troféus ao lidador.
Porém, quando o toiro manifestou uma bravura excepcional durante a lide pode acontecer o público pedir o indulto da morte, acenando com lenços. Quando tal acontece em maioria e a faena foi boa, o director da corrida poderá conceder o indulto, fazendo sinal para a arena com um lenço de cor de laranja.
Nas praças de toiros de 1ª. não é muito frequente o indulto porque é utilizado um critério muito exigente.
A actual Praça de Toiros de Sevilha – La Real Maestranza de Caballería – foi construída em 1881 e até Abril de 2016 só teve 3 indultos:
12 de Outubro de 1965 – “Laborioso”, o novilho do marquês de Albaserrada, lidado pelo novilheiro Rafael Astola.
30 de Maio de 2011 – “Arrojado”, o toiro de Núnez del Cuvillo, lidado pelo matador José María Manzanares (José María Dols Samper)
13 de Abril de 2016 – “Cobradiezmos”, toiro de Victorino Martín, lidado pelo matador Manuel Escribano.
Provavelmente o INDULTO é o momento mais emocionante que acontece numa praça de toiros.
É do conhecimento de alguns aficionados que o cavaleiro João Núncio matou a estoque um toiro sem se desmontar do seu cavalo “Alpompé” na Praça de Sevilha em 1942.
Também Manuel Conde tentou estoquear a cavalo por duas vezes na Praça de Las Ventas em Madrid em 1956, em 8 e em 12 de Abril.
Na realidade Manuel Conde não conseguiu o que o mestre João Núncio já tinha demonstrado que era possível. Porém a crítica espanhola foi muito elogiosa com o cavaleiro de Sintra.
Notícia publicada na revista El Ruedo de 12 de Abril de 1956:
“Conde excepcional caballista y magnífico torero a caballo. Rara vez hubo presatación de un rejoneador tan cuajado, tan seguro y de tan finas y artísticas dotes como éste.”
Referente à foto aqui exposta, tem a seguinte legenda:
“El rejoneador portugués Manuel Conde estoquando desde el caballo. Conde tuvo una brillante actuación y fue despedido com muchos aplausos.”
No jantar que se realizou na noite de 4 de Abril de 2016 na Pousada dos Loios em Évora, foi convidado de honra da Tertúlia Tauromáquica Eborense o cavaleiro ribatejano Manuel Jorge de Oliveira que recordou diversos aspectos da sua vida, de toda a influência tauromáquica que recebeu do seu Pai Joaquim Oliveira; desde as primeiras lições de equitação com o mestre José Vicente, equitador da Estação Zootécnica Nacional “Fonte Boa”; a sua primeira aparição em público – com apenas 10 anos – num espectáculo realizado pelos Bombeiros Voluntários da Azambuja; a sua prova de cavaleiro praticante na Praça de Toiros de Alcochete em 1976, depois de ter sido considerado o cavaleiro amador que mais se destacou nos anos anteriores; a sua alternativa em 1977 concedida por José João Zoio na Praça Monumental do Campo Pequeno. Depois seguiram-se actuações memoráveis em Portugal, Espanha e França, sempre alternando com os melhores cavaleiros portugueses e rejoneadores espanhóis. Sempre nas principais Praças. Sempre nos principais cartéis. Com os seus famosos cavalos pretos com ferro de Ortigão Costa, com destaque para o Bafejado, o Jaguar e o Jubileu.
Mais tarde aluno do mestre Nuno de Oliveira de 1985 a 1989, com ele a sua equitação melhorou e o conceito de não castigar “com sangue” os cavalos passou a ser um dos seus lemas.
Mas para além destas recordações que tiveram o testemunho de alguns elementos da Tertúlia, houve também troca de pontos de vista tauromáquicos, de toureio a cavalo e de toureio a pé, de grande interesse que se prolongaram durante esta agradável noite de convívio entre aficionados ao toiro e ao cavalo.
Manuel Jorge de Oliveira que se foi retirando do toureio a cavalo a partir de 1983, tendo feito a sua despedida na Praça de Toiros do Cartaxo em 2013 e passou a dedicar-se a professor de equitação na sua quinta no Cartaxo, mas também na Alemanha, França e Suécia onde desenvolve intensa actividade. Na Alemanha já foi divulgado um livro sobre a sua arte de montar a cavalo, sendo a única publicação editada naquele país sobre um cavaleiro português que se tem destacado como mestre de equitação clássica.