O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.
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“La tauromaquia es una sínteses de las bellas artes (…) Además, creo que es un arte efímero; después, en la televisión, no es lo mismo: notas que el torero há echado un pasito atrás o que le han tocado la muleta.”
María Bollaín
Aficionada e conferencista taurina
María Bollaín em mais de 70 anos assistiu às corridas na Praça de Las Ventas, na primeira fila do sector 8, entre o sol e a sombra.
Desde sempre aficionada. Quando muito nova, com 12 anos e num colégio de freiras, lhe pediram uma redação, escreveu sobre Juan Belmonte.
(…) deve o forcado saber estar e moderar-se em atitudes menos próprias quando o grupo aguarda o toque do cornetim para a pega. O forcado perde o senhorio, o saber estar com dignidade, quando faz enormes contorções de corpo, ginástica de pescoço e mãos, flexões, chapadas na cara e gritos de guerra – para disfarçar o medo – que, vistas pelo público, em nada o dignifica, não obstante poder vir a executar uma boa pega.
Como um dia ouvi dizer a Joaquim José Murteira Correia, um veteraníssimo forcado amador, meu amigo e colega de curso, recomendando por telemóvel para a trincheira a alguém que estava próximo do “seu” Grupo de Forcados Amadores de Montemor:
-- A ginástica já deve ter sido feita antes da corrida!
Concordo!
in “Arenas” - 2016
Livro editado pelo Círculo Taurino do Alentejo para fins de beneficência
Livro À Barbela! – explicação da capa e contracapa:
A tira vertical, com as cores nacionais representa a defesa da corrida à portuguesa.
A cor do título do livro (fúcsia) é a mesma dos capotes de tourear.
As fotos, sendo de duas pegas à barbela não foram escolhidas ao acaso, mas com a ideia de demonstrar “a enorme importância do rabejador entrar a tempo”.
Na foto da capa (Évora - 1964) numa pega a um toiro bem difícil de ganadaria Passanha, nota-se que o rabejador – João Mário de Saldanha – conseguiu entrar antes das segundas ajudas e o seu contributo foi determinante para a boa realização da pega.
Na foto da contracapa (Vila Viçosa - 1980) nota-se que o toiro partiu as tábuas com o forcado da cara, fechado à barbela, não tendo acontecido o pior por mero acaso. Isso só ocorreu porque o rabejador não entrou a tempo (teoricamente antes das 3ªs ajudas) e o toiro conseguiu chegar à trincheira em linha recta por não estar rabejado.
Qualquer toiro tem enorme poder nos quartos traseiros – rins – e se for rabejado como deve ser, divide forças não se aplicando só a derrotar na cara mas tentando também atingir o rabejador, facilitando a pega.
(…) Este livro pretende registar, como se um álbum fosse, os momentos de glória – e de angústia também – dos Grupos de Forcados que pisaram a arena desta Praça para pegarem os toiros nos Concursos de Ganadarias no período de 1960 a 2005. Para eles, e como diria António Abreu, primeiro cabo do mais antigo grupo de forcados do mundo: VENHA VINHO!
in “Os Forcados nos Concursos de Ganadarias d’Évora"
A particularidade deste livro é a de ser o primeiro em todo o mundo sobre a figura de um forcado e o desejo de deixar mais um registo de um tema que é um símbolo nacional e que está muito relacionado com o Alentejo e as suas tradições: a PEGA que em Évora é vista na sua praça de toiros em silêncio, o tal silêncio que deve envolver o cite, o momento tão grande de um tempo tão curto desta arte bem portuguesa de pegar toiros e que João Patinhas tão bem dignificou.
in “João Patinhas – Um Forcado” 1ª. edição – Novembro de 2008
João Patinhas envergou com dignidade as jaquetas de três dos principais grupos de forcados amadores: de Santarém, de Montemor-o-Novo e de Évora e à Câmara Municipal de Santarém se deve a iniciativa desta 2ª. Edição, por o seu Presidente, Dr. Francisco Moita Flores, se ter interessado na sua divulgação no Dia de Portugal, que neste ano de 2009 tem as suas comemorações nesta cidade que é a capital do Ribatejo. Ribatejo que está habituado a ver os seus jovens bater as palmas aos toiros, que sabe que a pega é um símbolo nacional e que esta nos distingue das outras tauromaquias.
in “João Patinhas – Um Forcado” 2ª. edição – Maio de 2009
(…) Neste começo do milénio, ninguém saberá por quanto mais tempo estará em actividade o Grupo de Forcados Amadores de Évora. Os que por lá passaram, os que gostam do Grupo desejam certamente a sua continuidade por longos anos, com dignidade, sabendo estar dentro e fora da praça, com a ética do forcado amador, com amor pela Festa e com profundo respeito pelo toiro.
Este é um livro de recordações de forcados. Livro de saudade que recorda o passado de 40 anos dos Amadores de Évora. É impossível alguém ter amigos sem ter no presente lembranças do passado. Um grupo de forcados é, antes de tudo, um grupo de amigos que nas arenas consolida a amizade para o resto da vida.
in “40 Anos do Grupo de Forcados Amadores de Évora” - 2003
(…) como as gatas apareciam na altura que precisavam dos seus serviços e depois iam ter as ninhadas lá para outros sítios, o Caracol não sabia exactamente quantos filhos tinha, onde estavam, se eram parecidos com ele ou não. Mas na verdade, da Micas que era a gata do seu coração, é que ele gostaria de ter quatro ou cinco ninhadas. Deveriam ser interessantes os gatinhos, meio sangue persa. Persa era ela e ele o que seria? Tinha que ser alguma coisa, não estava era ainda classificado, mas era um gato único porque os irmãos e irmãs morreram todos na desratização da Câmara. Portanto tinha começado nele uma raça nova. Que era um gato português tinha ele a certeza. Que nunca envergonhou a espécie, nem nas gatas, nem nas lutas, também é verdade. Nos toiros há aquelas coisas dos sangues, origens, procedências e dos encastes, como ele tantas vezes ouviu lá nos sorteios. Depois até os classificavam pela cor do pêlo. Conhecia isso tudo, os toiros pretos, os amarelos, os vermelhos, os vermelhos retintos, os salgados, os brancos ensabanados, os castanhos com pintas vasqueñas, como são sempre os da Quinta da Foz.
-- Com divisa vermelha e oiro, miou a pensar alto.
Ora se classificam os toiros também devem classificar os gatos. De certeza! Deve pertencer tudo ao mesmo ministro.
(…) O tio Zé Fonseca deu-lhe toda a instrução taurina e suportou, dentro do possível, muitos desaires do sobrinho. Pagou-lhe as contas. Sempre que o Tó era assediado pelos credores, lá estava ele a passar os cheques necessários. Por uma questão fiscal, o Tó só ia recolhendo facturas em nome da imobiliária do tio. Ele era facturas de restaurantes. Ele era facturas de hotéis. Ele era facturas de lancharadas, de pernas-de-pau nos Piratas, de castiças noites de fados, de repousantes fins-de-semana nas Pousadas de Portugal acompanhado pela Fátinha, operadora de telemarketing e que era muito compreensiva e meiguinha. Um amor de menina.
-- Óh Tó, não te estás a alargar com esta factura do almoço no Fialho? Isto é só um almoço ou estiveste a semana toda em Évora?
(…) Se por absurdo fosse retirado aos portugueses, o espectáculo de toiros, acabaria uma festa popular, uma tradição, uma cultura. Quando a Festa portuguesa terminar, termina o forcado e terminará a masculinidade que tem sido timbre destes homens de Portugal que à “unha” pegam toiros.
in “Praças de Toiros de Santarém – Actuações dos Grupos de Forcados no Séc. XX”