O Gato do Campo Pequeno
(…) como as gatas apareciam na altura que precisavam dos seus serviços e depois iam ter as ninhadas lá para outros sítios, o Caracol não sabia exactamente quantos filhos tinha, onde estavam, se eram parecidos com ele ou não. Mas na verdade, da Micas que era a gata do seu coração, é que ele gostaria de ter quatro ou cinco ninhadas. Deveriam ser interessantes os gatinhos, meio sangue persa. Persa era ela e ele o que seria? Tinha que ser alguma coisa, não estava era ainda classificado, mas era um gato único porque os irmãos e irmãs morreram todos na desratização da Câmara. Portanto tinha começado nele uma raça nova. Que era um gato português tinha ele a certeza. Que nunca envergonhou a espécie, nem nas gatas, nem nas lutas, também é verdade. Nos toiros há aquelas coisas dos sangues, origens, procedências e dos encastes, como ele tantas vezes ouviu lá nos sorteios. Depois até os classificavam pela cor do pêlo. Conhecia isso tudo, os toiros pretos, os amarelos, os vermelhos, os vermelhos retintos, os salgados, os brancos ensabanados, os castanhos com pintas vasqueñas, como são sempre os da Quinta da Foz.
-- Com divisa vermelha e oiro, miou a pensar alto.
Ora se classificam os toiros também devem classificar os gatos. De certeza! Deve pertencer tudo ao mesmo ministro.
in “O Gato do Campo Pequeno”