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Partebilhas

O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.

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Madrid – 30 de Maio de 2018

Sebastiám Castella.30.05.208-colhida em Madrid.pn

 

Numa corrida interessante – a de 30.Maio.2018 em Madrid – ficou a recordação da arte e a mestria de Enrique Ponce frente a dois mansos de ganadarias diferentes; a facilidade de bandarilhar e boas maneiras do prometedor Jesús Colombo; a valentia, determinação, raça e saber numa emotiva actuação de Sebastián Castella depois de aparatosa colhida, com estocada perfeita e com o reconhecido direito à Porta Grande de Las Ventas.

Praça que esta tarde teve a indicação de “no hay billetes” para desgosto dos animalistas, anti-taurinos e demais angustiados.

Lidaram-se quatro toiros de Garcigrande (1º. 4º, 5º e 6º), um de Domingo Hernández (3º) e o sobrero de Valdefresno (2º).

Sebastián Castella-30.05.2018.png

 

Oportunidade em dívida

 

Madrid 27.05.2018~Toros de Dolores Aguirre.png

Quem nunca tivesse visto uma corrida em Espanha e se pela primeira vez entrasse ontem em Las Ventas ficaria com uma medonha ideia do que é tourear.

A três jovens matadores de toiros que têm tido poucas oportunidades em “praças de primeira” a empresa de Simón Casas largou na arena de Las Ventas os seis “dolorosos” de Aguirre, uma ganadaria muito ao gosto de quem aprecia os filmes de terror da antiga Roma com Nero a mandar os prisioneiros a enfrentar feras.

Depois de um minuto de silêncio em memória do antigo matador Marcos de Celis, sairam à Praça seis reses com o peso total de 3.646 Kg. os mansos e agressivos toiros dos herdeiros de Dolores Aguirre Ybarra – que ficou conhecida como “la doña de ferro del campo bravo” – com forte procedência e muito sangue da antiga ganadaria de Atanasio Fernandez.

A empresa de Madrid fica, se tiver consciência, a dever a estes três toureiros, que ontem conseguiram sair vivos e por seu pé de Las Ventas, uma outra oportunidade. Uma oportunidade diferente, mas com toiros de lide, com toiros que se deixem lidar. Assim queira Simón Casas pagar esta dívida de honra a estes valentes toureiros.

Este tipo de toiros não servem para toureio. Não servem para as figuras e muito menos para jovens com muito menos experiência. Penso que não servem para os aficionados em geral e nem para aqueles que se juntam em determinado sector da Praça para protestar e que assobiam a tudo e a todos e parece que estão sempre zangados.

Assim e para terem uma oportunidade em Madrid, com mais de 15.000 espectadores a assistir, prestaram-se a enfrentar os seis mansos – grandes e cornalões, que nunca galoparam, que não tiveram investidas francas e que só acometeram a escabecear com arreões destinados a acabar com a carreira de qualquer toureiro – os jovens Rubén Pinar, José Carlos Venegas e Gómez del Pilar que os mataram com estocadas de decisão.

Eles e as quadrilhas numa luta que não se pode chamar de toureio, em 27 de Maio de 2018 e onde, um toureiro de prata, David Adalid, ao quinto da ordem, bandarilhou com mestria e arte, num dos poucos apontamentos taurinos da tarde.

Olé David Adalid!

 

David Adalid-bandarilheiro.jpg

Bandarilheiro David Adalid 

 

Contrastes

Há enormes contrastes quando um matador de toiros toureia em Espanha ou em Portugal.

Aqui em Portugal o matador pode lidar toiros em público mas no final da lide não pode executar a sorte suprema, portanto não mata o toiro e se o fizer é preso e multado, como aconteceu com Manuel dos Santos em 1951.

Ali ao lado, em Espanha, o matador será preso e paga uma multa se se recusar a matar o toiro.

Assim e por absurdo, o mesmo matador será preso na Praça de Elvas se matar o toiro e também vai para a cadeia se se recusar a matar na Praça de Badajoz. A distância entre as duas cidades é muito pequena mas a regulamentação é enorme.

Vem isto a propósito de uma efeméride de 25 de Maio de 1967 na Praça de Madrid, quando Curro Romero se recusou a matar o sobrero da ganadaria de Cortijoliva por ter considerado que o toiro já teria sido toureado. Curro foi detido por ordem do Presidente da Corrida e conduzido ao posto da Dirección General de Seguridad onde passou a noite e posto em liberdade no dia seguinte para poder tourear uma corrida da ganadaria de Benítez Cubero alternando com Diego Puerta e Paco Camino.

Curro Romero foi e é um mito da tauromaquia de Sevilha, da tauromaquia de Espanha. É dele a frase “tenho o medo mais sereno do mundo”.

Todos têm medo, Curro Romero tinha também muito. Um medo que era ultrapassado pela sua arte. Uma arte de aroma, como só possível aos grandes artistas.

Enorme também nas doações. Nesse mesmo ano de 1967 toureou 33 corridas e numa delas, a de 21 de Setembro, saiu em Madrid para lidar sozinho os toiros de Urquijo e em beneficio da Luta contra o Cancro, porém alem do contratado ofereceu também a lide do sobrero, tendo lidado sete toiros nessa tarde.

Teve uma longa vida de matador e pisou as arenas consecutivamente desde 1954 a 1999 tendo estoqueado mais de 1600 toiros. Foi colhido com gravidade em Algeciras, La Línea e Zafra em 1962; em Palma de Maiorca em 1963; em Almería em 1965: em Madrid em 1968; em Málaga em 1972; em Puerto de Santa María em 1982 e em Aranjuez em 1989.

Em diversas ocasiões foi-lhe reconhecido o mérito toureiro e em Abril de 2018 Curro Romero recebeu o Prémio da Cultura da Universidade de Sevilha numa cerimónia onde estiveram o reitor da Universidade, o alcaide de Sevilha e o testemunho dos matadores: Pepe Luis Vásquez, Espartaco, Diego Urdiales, Dávila Miura, Manuel Escribano e Pedro Chicote.

Tauromaquia é cultura.

 

Curro Romero- Prémio da Cultura-Universidade Sevi

 Curro Romero - Prémio da Cultura da Universidade de Sevilha

 

Sinal de luto

Falecimento de José Gomez Ortega-Joselito.png

No historial da tauromaquia constam diversos toureiros que perderam as suas vidas nas arenas.

Porém há uma data que simboliza o luto de todos: 16 de Maio de 1920, quando José Gomez Ortega “Joselito” foi colhido de morte na Praça de Toiros de Talavera de La Raina (Toledo)

Assim, quando há corridas de toiros no dia 16 de Maio, é tradição os toureiros fazerem o “paseíllo” descobertos e com a “montera” na mão em sinal de luto.

Uma tradição que não se deveria perder.

 

sinal de luto.png

 

 

A morte na arena

Homenagem a Ibám Fandiño-2018.png

A corrida de toiros é um espectáculo sério onde as imagens não se repetem como no teatro, cinema ou ópera, onde houve muitos ensaios para que tudo saía como o previsto e sempre igual...

Na corrida de toiros há o risco de vida, o imponderável. Quando o toureiro se veste a rigor sabe que pode ser a última vez. Por isso há a angústia naqueles momentos que antecedem a saída do primeiro toiro.

Alguns toureiros pagaram com a vida o seu arrojo, a sua valentia, a sua arte.

Iván Fandiño foi um toureiro espanhol que faleceu aos 36 anos, por colhida mortal de um toiro da ganadaria de Baltasar Iban, na Praça de Toiros de Aire Sur l’Adour (França) em 17 de Junho de 2017.

Neste mês de Maio de 2018 – durante a Isidrada – a Comunidade de Madrid resolveu colocar na Praça de Las Ventas um memorial em azulejos recordando este valoroso matador de toiros.

Uma justa homenagem a um toureio que pisou a arena daquela Praça Monumental em mais de 30 tardes.

Paz à sua alma.

 

 

                              

Iván Fandiño-Matador de toiros.pngIván Fandiño Barros  (29.09.1980 - 17.07.2017)  

 

 

Uma revista taurina

Emblema da Tertúlia Tauromáquica Eborense.png

 

No jantar da Tertúlia Tauromáquica Eborense que se realizou na Pousada dos Loios em 7 de Maio de 2018 esteve presente João Queiroz como convidado de honra e que se fez acompanhar pelo seu colaborador David Leandro

Quando se completam 40 anos sobre o aparecimento da revista Novo Burladero, foi um motivo de satisfação a Tertúlia ter à sua mesa o Director desta conceituada revista taurina.

Nunca em Portugal uma revista exclusivamente taurina teve esta longevidade e tal só acontece devido à enorme aficion, persistência e abnegação de João Queiroz que ao longo destas quatro décadas soube sempre ultrapassar as dificuldades e manter uma publicação mensal destinada a quem gosta e pretende continuar a gostar da Festa Brava

Fazendo parte da nossa cultura e profundamente enraizada nas tradições populares, esta Festa que é ibérica, tem em Portugal características próprias. Assim, enquanto uma publicação com motivos taurinos e que se edite em Espanha, terá sempre a possibilidade de ser vendida nos países da América de língua castelhana e onde se lidam toiros, como é o caso do México, Venezuela, Perú, Colômbia e Equador, uma revista taurina portuguesa tem uma penetração muito mais ténue e limitada quase exclusivamente ao pequeno território de Portugal.

Tal superioridade geográfica e com a corrida de toiros como que um seu ex-libris, permite a Espanha publicar anualmente vários livros e revistas de temas tauromáquicos, enquanto neste lado da península a literatura taurina é escassa e quase inexistente.

Por isso há que louvar todos os que no Novo Burladero colaboraram nestes 40 anos sob a orientação de João Queiroz.

Por isso foi com grande satisfação que a Tertúlia Tauromáquica Eborense teve à sua mesa este cronista que tem dedicado a sua vida à tauromaquia e que mantem com dignidade há quatro décadas o Novo Burladero.

Para ele as nossas saudações taurinas.

 

TTE com João Queiroz.JPG

Nico Mexia de Almeida, cuidador da Tertúlia Tauromáquica Eborense, com João Queiroz e David Leandro

Bandarilhar a duas mãos

Luís Rouxinol-Par de bandarilhas.png

Luís Rouxinol

 

Há quem incorrectamente desvalorize a colocação do par de bandarilhas no toureio a cavalo.

A primeira regra na lide à portuguesa é que na reunião o toiro deve chegar ao cavalo ao estribo e haverá mais mérito quanto mais por diante for colocada a montada e depois rematar a sorte envolvendo o toiro com o quarteio.

É um costume de alguns cavaleiros cravarem um par de bandarilhas a duas mãos no final da lide e se tal for executado dando vantagem ao toiro, com o cite de frente e cravando à altura do estribo ou da silha será de grande valor. Se assim for, é um bonito adorno e há que dar mérito a quem o executou porque terá que ter perfeito domínio do cavalo.

Se a cravagem for a silhas passadas ou à garupa a sorte perde o mérito.

Quem se interessar pelo historial da tauromaquia portuguesa gostará de saber que foi João Branco Núncio o primeiro cavaleiro a executar em 1923 em Portugal a sorte de bandarilhar a duas mãos. Sorte que já tinha sido anteriormente divulgada no México por Ponciano Diaz, matador de toiros mas que também toureou a cavalo vestido de “charro”. Porém, consta que o primeiro rejoneador a colocar um par de bandarilhas a duas mãos terá sido o mexicano Ignacio Gadea em 1888.

Imediatamente depois de João Branco Núncio a sorte de bandarilhar a duas mãos foi também vulgarizada por Simão da Veiga Jr., António Luís Lopes e pelo amador Justino de Vilhena. Sorte ultimamente muito divulgada nas actuações de Joaquim Bastinhas e por Luís Rouxinol, sendo este, presentemente, o melhor executante.

 

Ponciano Díaz  

Ponciano Díaz.png

 

 

Tourada à Portuguesa – antes e agora

Nas corridas de toiros em Portugal do fim do século XIX e começo do século XX lidavam-se toiros a cavalo e a pé e os cartazes eram anunciados com um ou dois cavaleiros, alguns capinhas e um grupo de oito moços de forcado que lidavam e pegavam toiros que, em geral, já tinham sido corridos.

Por corrida eram lidados 10 ou 12 toiros embolados, sendo para cavalo dois a quatro toiros e os restantes eram toureados a pé pelos capinhas, com lances de capote e bandarilhados. Por vezes um ou outro capinha dava uns passes de muleta. Alguns toiros que assim tinham sido lidados, a cavalo ou a pé, eram pegados pelos forcados se para tal assim fosse indicado pelo Inteligente.

Esse tipo de tourada à portuguesa foi desaparecendo. Contudo, foi recreada na antiga Praça de Santarém, em 29 de Maio de 1960 num cartel composto pelos cavaleiros Alberto Luís Lopes, Dom Francisco Mascarenhas, Manuel Conde e David Ribeiro Telles e para a lide a pé os bandarilheiros António Badajoz e Manuel Badajoz que lidaram de capote e bandarilharam dois toiros. Todos os toiros dos Herdeiros de Emílio Infante da Câmara e Dom Duarte Atalaya foram pegados pelos Grupos de Forcados Amadores de Santarém e de Montemor, ficando na memória dos aficionados as três excelentes cernelhas executadas por Joaquim Lampreia e João d’Orey Pinheiro (Arnoso); António Zuzarte e Simão Comenda; José Custódio da Avó e Simão Comenda. Luís Freire Gameiro realizou a melhor pega de caras.

Anteriormente houve de parte de algumas empresas umas tentativas de aproximação da corrida ao uso de Espanha, só com um cavaleiro e três espadas. Corridas essas onde a actuação dos forcados era diminuta pegando só um ou dois toiros por corrida. Porém, já em 1894, por escritura pública subscrita pelos cavaleiros José Bento Araújo, Alfredo Tinoco da Silva, Fernando de Oliveira e Manuel Casimiro de Almeida, estes obrigavam-se a exercer em proveito comum a sua profissão de cavaleiros tauromáquicos e comprometiam-se a actuar nas Praças de Toiros do Campo Pequeno e na de Algés se pelo menos estivessem anunciados dois cavaleiros.

Depois foram as épocas das corridas mistas, com 8 toiros, dois cavaleiros, dois espadas e um grupo de forcados.

Mas a manutenção da actual corrida à portuguesa deve-se muito às atitudes do cavaleiro João Branco Núncio. Primeiro ao exigir a lide com toiros puros, que permitiu um toureio com mais arte e, também, a evolução da pega. Depois quando em 1945 firmou com a empresa do Campo Pequeno um contrato de quatro corridas nessa época e impôs como principal condição que só participaria nelas se tivesse que alternar com outro cavaleiro profissional e não sozinho como a empresa queria e vinha fazendo em corridas anteriores. O gesto de João Núncio contrariou o movimento espanholado que se esboçava, de um só cavaleiro por corrida, da tentativa da eliminação das cortesias à portuguesa e da não inclusão de forcados.

Mais tarde, a corrida chamada “à portuguesa”, com seis toiros, só com cavaleiros e forcados passou a ter a preferência do público.

Hoje tudo está diferente. Os toiros mais encastados, resultado de uma melhor selecção da parte dos ganaderos, permitiram uma evolução na pega de caras, com o forcado marcando os momentos do toureio: “parar, mandar e templar”, só possível em toiros encastados e que humilham. O público já se habituou a fazer silêncio durante o cite, demonstrando um respeito pelo forcado.

Quanto à “Arte de Marialva” – como tem sido conhecido o nosso toureio a cavalo – vai tendo transformações. Os novos cavaleiros portugueses que vão aparecendo gostam de confirmar as alternativas em Espanha numa atitude de vassalagem impensável há uns anos atrás. Por outro lado, alguns rejoneadores espanhóis apresentam-se em Portugal com excelentes cavalos num estilo de toureio que tenta aproximar-se à lide à portuguesa, sem rojões de castigo, toureando mais de frente e com menos recortes, que agrada ao público, enchendo as praças.

Porém, o suporte da corrida à portuguesa parece serem os forcados amadores, que de caras – e algumas vezes de cernelha – emocionam os aficionados com valorosas pegas e enorme agrado dos empresários que têm grande oferta e fácil escolha.

 

 

João Branco Núncio.jpg

 João Branco Núncio - ferro ao estribo

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