O regime de excepção
As Festas de Nossa Senhora da Conceição realizam-se, como habitualmente, neste mês de Agosto em Barrancos e nos dias 29, 30 e 31 – sempre às 18 horas – os festejos tauromáquicos, neste ano com a presença de matador Morante de la Puebla na tarde do dia 29 e com reses de Parladé.
Na realidade estes festejos não são à portuguesa nem à espanhola, não existe sorte de varas mas, no entanto, é uma festa taurina com mais afinidades a Espanha do que a Portugal, porque as lides são a pé e não a cavalo, há estocadas e não há pegas.
A vila de Barrancos é um caso especial da tauromaquia portuguesa e agora mais esquecida pelas televisões desde que tem um “regime de excepção para a sorte de matar”. A legalidade afastou a notícia.
As manifestações anti-taurinas, mais ou menos anedóticas, que por lá se fizeram durante alguns anos, são em termos jornalísticos semelhantes ao “terceiro segredo de Fátima” que toda a curiosa comunicação social queria saber o conteúdo, muito falado antes e completamente esquecido depois.
Ao ter sido aprovado o “regime de excepção” que consente os “toiros de morte” naquela localidade, ficamos com a dúvida se tal foi bom para Barrancos porque falava-se muito mais das Festas; ia lá mais gente motivada pelas diversas notícias; ganhava o comércio local; traziam-se entretidos os animalistas anti-taurinos, que para fazerem aquelas manifestações sempre tinham que sair de Lisboa, de excursão, e apanhar o bom ar puro do Alentejo e quando regressassem a casa até poderiam parecer mais coradinhos e felizes, sem aquele ar taciturno de quem anda todos os dias debaixo da terra nas viagens de metropolitano e todos juntos poderiam aproveitar para comerem umas tapas, beberem um “tinto de verano” e depois uma “cafezada com churros”…enfim fazerem-se homenzinhos e mulherezinhas aproveitando o cheiro a Feira e não andarem com aquela pesada angústia a pensar que não podem comer presunto por alguém lhes ter dito que uma alimentação à base de alfaces é muito importante para prevenções indigestas. Teorias…por isso têm aquele mau aspecto, um aspecto enfezado e raquítico.
Barrancos perdeu com o tal “regime de excepção” que retirou as rádios e televisões com notícias em directo, o atropelo dos jornalistas, as capas dos jornais, aquela gente que vinha de Lisboa dizer aos barranquenhos o que deviam fazer, os verdes e de outras cores que também apareciam por lá zangados, os do bloco sempre do contra, os do partido dos animais, agora com representação parlamentar e suporte democrático poderiam dizer coisas lá na Assembleia. Toda essa gente que, no caso, estava não ao lado mas contra o povo, mas que dava movimento à terra, com entrevistadores e entrevistados a dizerem coisas sem nexo. Muita gente que com o “regime de excepção” deixou de aparecer…
Para onde foram?