“Forcados Amadores”
Na arrumação de alguns papéis encontrei um artigo intitulado “Forcados Amadores” que escrevi e foi publicado em 13 de Fevereiro de 1997 no “Festa Brava”, jornal taurino e equestre, que era dirigido por Francisco Morais Sarmento.
Nesse artigo, retirei e para aqui colocar uma parte do texto por o considerar pertinente não obstante já terem passado 22 anos:
“Na época do defeso, durante o Inverno, os grupos de forcados, nomeadamente os seus cabos, devem reflectir sobre alguns aspectos mais desagradáveis:
- O exagerado número de forcados fardados por corrida para as pegas de 3 toiros. Há alguns anos atrás para 3 toiros não se fardavam mais do que 12 forcados. Por outro lado, na festa brava não devem existir figurantes. Só nas cortesias são suficientes os forcados que irão actuar para pegar um toiro. Foi exemplo a não esquecer Ricardo Rhodes Sérgio que como cabo do Grupo de Forcados Amadores de Santarém durante 21 anos nunca se limitou a fazer as cortesias e mesmo com avançada idade dava, sempre, terceiras ajudas no primeiro toiro de cada corrida.
- O número de forcados mal fardados que se vê em alguns Grupos. Uns sem jaqueta, outros com meias de campino, calções remendados e sujos, etc., não podem dar boa imagem do forcado amador.
- A ginástica que alguns forcados fazem nos momentos que antecedem as pegas. Chutos na trincheira e outros “aquecimentos”, não ficam bem e fazem perder a dignidade do forcado amador.
- A falta de atenção de muitos forcados durante a lide dos toiros, mais interessados em olhar para a assistência do que para o toiro que está a ser lidado. Como dizia e bem o antigo cabo João Patinhas “o forcado nunca deve perder a cara ao toiro” e isso quer dizer que o forcado deve olhar para o toiro do começo ao final da lide.
- As diversas instruções que são dadas para a arena, quando o forcado está em frente do toiro, devem ser evitadas. O forcado que vai pegar o toiro é que manda. É ele é que deve ordenar aos peões de brega onde é que o toiro deve ser colocado e ele, e só ele, é que deve tomar as resoluções adequadas para a realização da pega. Quando salta para a arena o forcado já deve levar a lição estudada e instruções a haver só devem ser dadas pelo cabo – e de forma discreta – quando a pega não resulta à primeira tentativa.
Manuel Peralta Godinho e Cunha