O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.
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Acerca da pega, Ramalho Ortigão disse e escreveu que admirava os moços de forcado desta singular forma:
“É por esse Ribatejo fora, às corridas de Alhandra, de Vila Franca, de Samora Correia, de Salvaterra de Magos, que irei mais este verão, de jaleca ao ombro, faca no bolso e melancia debaixo do braço, refazer-me da nacionalidade, de força, de literatura e de poesia, na sagrada tradição da minha terra.”
Hoje quando a moda é falar-se de globalização – ordenada pelas multinacionais que mandam nos governos – e onde a invocação do nacionalismo parece ser o antídoto das políticas correntes internacionalistas e, portanto, algo que não está de acordo com o politicamente correcto, acrescido da quase proibição ao povo de invocar as sua tradições culturais.
Que falta faz agora e por cá quem como a “Ramalhal Figura” reclame a nacionalidade e a sagrada tradição na nossa terra. Que falta faz quem perceba que o estar sereno em frente de um toiro só eleva a coragem e a determinação da nossa raça.
Que falta faz quem, como ele, volte a dizer:
“Eu como humilde intérprete do povo só uma coisa oponho: é que má raios partam o zelo tísico de tanto maricas, de tanto chochinha, de tanto lambisgóia!”
Que falta faz quem mande e entenda a nossa cultura.
Durante muitas épocas as temporadas tauromáquicas iniciavam-se do Domingo de Páscoa na Praça Monumental do Campo Pequeno e encerravam no dia 1 de Novembro na castiça Praça de Toiros do Cartaxo.
Nas tertúlias, museus taurinos e nas colecções de diversos aficionados isso se pode verificar facilmente e confirmar em que anos se realizaram essas corridas.
Já o cartaz que anuncia a próxima corrida do primeiro de Novembro na Praça do Cartaxo foi preparado por quem não tem essa sensibilidade e ao ano não diz nada.
A corrida de toiros é uma Festa especial e os cartazes deveriam ser elaborados por quem entenda o que está a fazer e não devem ser feitos com a mesma ligeireza de quem faz um folheto para uma promoção qualquer de um supermercado.
Assim, se alguém guardar o programa desta próxima corrida não se deve esquecer de acrescentar o ano.
Depois da Corrida à Antiga Portuguesa que se realizou na Praça de Toiros do Campo Pequeno enviei para a RTP a seguinte mensagem por ter realizado a transmissão:
Quero felicitar a RTP1 pela transmissão de ontem da corrida de toiros à antiga portuguesa da Praça do Campo Pequeno. Neste tipo de transmissões - apesar de muito poucas - a RTP tem a oportunidade de fazer chegar a muitos locais distantes da capital um espectáculo que é do agrado da maioria dos portugueses e que faz parte da sua cultura popular. Há diversas tauromaquias mas a portuguesa tem no forcado um ex-libris do nosso país e a RTP, como canal de televisão nacional, deveria ter isso em atenção e transmitir mais espectáculos taurinos. Aproveito para enviar os meus cumprimentos ao Senhor Provedor e que são extensivos a todo o Pessoal que fez esta reportagem da Praça de Toiros do Campo Pequeno.
Manuel Peralta Godinho e Cunha
Recebi do Provedor a seguinte informação caracterizada pela sua opinião pessoal de tendência anti-taurina e que não reflecte necessariamente a opinião dos telespectadores porque as audiências do canal público sobem, e muito, cada vez que a RTP faz transmissões das corridas de toiros:
Exmo Senhor Manuel Peralta Godinho e Cunha, Agradeço a sua mensagem. Como saberá a RTP passou a emitir as touradas depois das 22h30, para colocar tais transmissões fora do período em que a Lei da Televisão proíbe a emissão de programas que podem ferir a sensibilidade de públicos infantis e juvenis. Apesar de ser um espetáculo com boa recetividade por parte do público da RTP estou em crer que , pelo menos no formato em que existem, as touradas deixarão, em breve, de fazer parte da programação RTP. m/cumprimentos, Jorge Wemans Provedor do Telespetador"
No “Diccionário Ilustrado de Términos Taurinos” de Luis Nieto Manjón, escritor e crítico taurino, define-se a “sorte” como “a acção do toureio que, valendo-se do engano como a capa, muleta ou mesmo o corpo, faz com que o toiro passepróximo dele e engana a rês”.
Não se pode aceitar, completamente, esta definição porque não é integralmente verdadeira para o caso espanhol no que se refere ao picador e também no caso português no que se refere ao forcado.
O picador na sorte de varas cita e recebe o toiro parado, não tendo o toiro mais do que se arrancar em linha recta e meter a cabeça a direito.
Na pega de caras, quando bem executada, o forcado marca os tempos do toureio durante o cite: manda, pára e templa. Mas, na pega de caras, não há engano para que o toiro passe próximo. O forcado ao fechar-se tem o toiro nos seus braços, no peito, junto ao coração.
A pega realizada em 21 de Junho de 1980 por esse grande forcado que se chama Joaquim Pedro Torres – dos Amadores de Santarém – ficou perpetuada na capa deste livro editado pela Santa Casa da Misericórdia em Outubro de 2000 e o autor ainda recorda a ovação extraordinária que todo o público da Monumental Celestino Graça lhe concedeu quando executou com arte e valor essa inesquecível pega de cernelha.
Foi uma pega de cernelha singular. Singular por ser raro só um forcado pegar um toiro; singular por tal nunca antes ter acontecido na Praça Monumental de Santarém; singular por dificilmente voltar a acontecer.
As dificuldades de ser toureiro a pé em Portugal são enormes e quem persistir nessa ilusão e conseguir tirar a alternativa de “matador de toiros” facilmente chega à conclusão que não poderá exercer essa profissão no seu país. Não, porque é proibida a estocada em Portugal; não, porque as oportunidades de se lidarem toiros a pé neste país são diminutas.
Há Espanha aqui ao lado, França um pouco mais distante, mas as oportunidades nesses países são poucas, muito poucas, para um estrangeiro. Em Espanha – o país do toureio a pé – as primeiras oportunidades são para os espanhóis e as segundas também. São algumas dezenas de jovens que saem anualmente das escolas de toureio em Espanha e é natural que essas ocasiões taurinas sejam para os naturais do país. Poucas oportunidades, porque em Espanha não há um número de novilhadas suficientes para por a funcionar todos esses alunos das escolas de toureio.
Depois em Espanha um toureiro estrangeiro terá muitas dificuldades de actuar, a não ser que apareça com a imagem de “figura”. “Figuras” no toureio são poucas, além de ter que haver um singular equilíbrio entre os factores “Valor toureiro/Apoderado/Empresas”.
Uma das hipóteses de alguém que nestas condições queira progredir nesta arte será, talvez, tentar a sua sorte na América, nos países onde a Festa Brava tem alguma expressão como o México, Colômbia, Peru, etc. e foi essa a opção que Nuno Casquinha tomou em consideração e já há uns anos reside na República de Peru, onde tem tido a sua base de evolução artística não obstante o afastamento familiar, dos seus amigos, de um esforço enorme e sacrificado de viver num país longínquo e com outra cultura, onde se adaptou e gosta de estar, mas tendo sempre em mente poder actuar com regularidade em Espanha, a pátria do toureio a pé e onde todos os “diestros” gostariam de triunfar.
E foi o matador de toiros Nuno Casquinha o convidado de honra no jantar de Outubro de 2019 da Tertúlia Tauromáquica Eborense que como habitualmente se realizou na Pousada dos Loios em Évora, desta vez com a ausência justificada do cuidador Nico Mexia de Almeida, mas com Zeca Pereira fazendo a sua substituição na apresentação do convidado.
Como habitualmente foi um agradável jantar de tertúlia.
Há cartazes tauromáquicos mais importantes do que outros porque se referem a corridas de toiros de interesse especial tais como são as comemorativas de datas; de alternativas de toureiros; de homenagem a Chefes de Estado e outras personalidades; de beneficência; de despedidas de toureiros, cabos de forcados, etc.
Esses cartazes são guardados com grande cuidado por aficionados e coleccionadores e muitos são emoldurados e expostos em tertúlias e outros locais visitados por quem gosta de motivos taurinos.
Isto a propósito do Grupo de Forcados Amadores de Montemor comemorar este ano o 80º aniversário da sua Fundação.
Na realidade em 4 de Setembro de 1939 realizou-se um festejo taurino em Montemor-o-Novo, com garraios oferecidos pelo ganadero António Teixeira, de Coruche. A receita da bilheteira foi a favor do Asilo Montemorense de Infância Desvalida e actuaram dois Grupos de Forcados Amadores, um de Évora, comandado por António Vaz Freire e outro de Montemor comandado por Simão Malta.
Esse Grupo de Évora só reapareceu em 1942 e por pouco tempo – cerca de três épocas – mas Simão Malta continuou com o Grupo de Montemor sob o seu comando, tendo ocupado no historial da tauromaquia uma posição de relevo, actuando nas principais praças de toiros e dignificando a figura do forcado amador até 12 de Setembro de 1949.
Assim, no ano do 80º. aniversário da sua Fundação, vai o Grupo de Forcados Amadores de Montemor – comandado por António Vacas de Carvalho – comemorar numa corrida que se realizará no dia 5 de Outubro de 2019 em Alcácer do Sal. Corrida com 8 toiros da ganadaria de Jorge Mendes.
Este é um dos cartazes que muitos aficionados querem certamente guardar e provavelmente alguns serão emoldurados. Mas para se entender em que ano foi realizada esta corrida comemorativa terá que se acrescentar à mão o ano de 2019, porque a empresa da Praça de Alcácer do Sal não teve esse cuidado.
Na realidade não é só um cartaz comemorativo dos 80 anos da fundação do Grupo de Montemor. É também um cartaz onde se assinala que um Grupo de Forcados Amadores irá pegar 8 toiros 8, o que por si só e nos dias de hoje é mais do que um caso raro, por ser um caso raríssimo.