O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.
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Um detalhe toureiro do forcado António Torres Alves, dos Amadores de Évora, na pega do segundo toiro da ordem da ganadaria de Veiga Teixeira (520 Kg.), na Praça Monumental de Santarém em 26 de Setembro de 2021.
Há momentos de toureio na pega de caras quando no cite o forcado “Pára”, marcando a figura; quando “Manda” provocando a investida do toiro; quando “Templa”, trazendo o toiro toureado para dentro do Grupo.
Em tempos os cartazes de toiros eram bonitos, cópias de pinturas ou fotos bem tauromáquicas.
Depois, houve uma modificação tal, fundos escurecidos e com umas gravuras pouco interessantes e vagamente taurinas. Por fim apareceram cartazes onde as fotos dos toureiros anunciados têm expressões agressivas, parecendo que estão zangados. Não sei se zangados uns com os outros, se exaltados com o público ou a querer assustar os toiros.
Enfim, transformações certamente modernas, apesar de pouco apelativas e de algum mau gosto.
Mas isto é uma opinião de alguém que já tem avançada idade, pouco actualizado na imagem provocadora talvez destinada a captar espectadores de índole violenta, que não teve nem tem os conhecimentos modernos de marketing agressivo e que ainda se recorda, com saudade, dos lindos cartazes taurinos que a gráfica “A Persistente”, da Chamusca, fazia para todas as praças de toiros do país.
Os “rejoneadores” não deveriam ser apresentados em Portugal como tal mas sim como “cavaleiros”, por não ser permitido no nosso país o uso de “rojões” mas sim ferros compridos.
Como na lide a cavalo à portuguesa os toiros são bandarilhados pelos cavaleiros, não parece ser razoável chamar bandarilheiros aos elementos da “quadrilha”, porque na realidade não bandarilham e a sua função é de “peões de brega”.
Na lide a pé em Portugal não há razão para se anunciarem os toureiros como “matadores” mas sim como “espadas”, por não haver toiros de morte.
O termo de “forcado” não é mais do que a abreviatura de “moço de forcado” mas está entendido como tal na nossa tauromaquia.
Os aficionados mais velhos talvez se recordem que os cartazes das corridas de toiros no tempo anterior à gestão de Manuel dos Santos tinham a seguinte informação:
“Esta corrida não será televisionada”
Com a empresa dirigida por Manuel dos Santos e depois de acordos com a RTP foram televisionadas diversas corridas de toiros e assim se divulgou e bem a Festa, como nunca antes tinha acontecido, tendo muitos portugueses podido assistir, pela primeira vez, a um espectáculo que nunca tinham visto e certamente com o agrado da maioria, tal era a enorme audiência que sempre se verificava. Certamente que muitos desses espectadores televisivos passaram a ser espectadores reais, por terem a curiosidade de – ao vivo – verem touros, toureiros e forcados.
Os aficionados e a maioria dos empresários não têm promovido suficientemente a tauromaquia de forma a haver mais interessados nos espectáculos tauromáquicos e a maioria das Tertúlias e Clubes Taurinos são mais ou menos fechados a um número reduzido de pessoas, não havendo, por esse meio, mais espectadores nas praças de toiros.
Assim, Manuel dos Santos depois de se tornar sócio da Empresa Tauromáquica Lisbonense em 1963, como empresário foi um caso raro, porque com ele as transmissões televisivas foram frequentes; a reserva de um sector do Campo Pequeno a preços baixos para a juventude passou a acontecer; a divulgação constante das touradas aos turistas nos hotéis em Lisboa, etc. Também, a promoção de corridas à portuguesa em locais bem distantes, como aconteceu em Macau, Indonésia, Estados Unidos, etc.
Assim, pode-se afirmar que Manuel dos Santos foi um caso muito especial de gestor tauromáquico e com atitudes empresariais e taurinas muito para além da bilheteira do dia da corrida.
Diferente a actual empresa da Praça do Campo Pequeno, que destaca no cartaz que “é proibido filmar”.
Porquê?
Perspectivas diferentes. Uma divulgadora da tauromaquia; outra mais reservada.
Foi um jantar de tertúlia tauromáquica, tendo como convidados João Moura Jr. e a sua mulher Concha Rodríguez Diaz e onde foram abordados diversos assuntos da vida taurina deste cavaleiro tauromáquico, desde a sua infância tendo como mestre o seu pai, a sua evolução profissional em Portugal e Espanha , os seus diversos cavalos e a dificuldade que todos os intervenientes taurinos têm tido com a recente pandemia do vírus Covid 19 nomeadamente os ganaderos e cavaleiros profissionais.
Muito interessante a maneira correcta e digna que João Moura Jr. demonstrou nas referências a outros cavaleiros que com ele têm compartilhado as arenas e o grande respeito e admiração pela carreira de seu pai.
Também foi abordado o assunto da sua recente actividade no turismo equestre e tauromáquico que, com a colaboração de sua mulher Concha, desenvolve na Herdade das Arengozinhas (Vila Viçosa) o que tem possibilitado a muitos aficionados a primeira experiência de montar cavalos de toureio e sentirem a sensação de uma hipotética lide a cavalo frente à “tourinha” e a divulgação, muito importante, aos que não sendo aficionados, do trabalho de campo e do maneio de cavalos e toiros no seu ambiente natural.
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Na foto, a Mesa de Honra deste jantar realizado em 13 de Setembro de 2021 da Tertúlia Tauromáquica Eborense, no Évora Hotel: Miguel Mello Breyner, Concha Rodríguez Diaz, Nico Mexia de Almeida, João Moura Jr e José do Rosário Maltez.
As buscas apressadas na internet – Google – podem dar conhecimento.
Cultura é outra coisa. Para ser culto é, também, necessário estudar e conhecer a História.
O conhecimento não é suficiente se não se for acompanhado de cultura.
A cultura começa no berço com a família e contínua, necessariamente, com a escola, muita leitura, colóquios, viagens, etc.
A cultura é demorada, o conhecimento pode ser instantâneo.
O conceito nacional é certamente importante na preservação da cultura e esta é a repetição continuada por gerações de costumes, hábitos, artes e conceitos em determinada região. Porém a cultura pode ser supra-nacional e abranger um território muito superior à nação.
A cultura tauromáquica, por exemplo, abrange actualmente as nações da Península Ibérica, o sul de França e alguns países da América, nomeadamente a República Mexicana.
A cultura não se extingue por decreto, mas pode ir desaparecendo pela apatia dos povos, pelas adversidades naturais e pela tacanhez dos governantes.
Acompanhado de alguns Amigos da Tertúlia Tauromáquica Eborense assisti em 5 de Setembro de 2021, em Montemor, à corrida de toiros em memória de Simão Nunes Comenda e foi com alguma emoção que ouvi as diversas referências a esse nosso Amigo que nos deixou em Fevereiro deste ano.
Mas a corrida foi toda ela um misto de emoção e saudade, não só pelas palavras proferidas em memória do homenageado mas também por outros acontecimentos, com destaque para a passagem da chefia do Grupo de Forcados Amadores de Montemor de António Vacas de Carvalho para o novo cabo António Cortes Pena Monteiro.
Gostei também do curro de toiros da ganadaria de São Torcato, com peso sem ser excessivo, o que permitiu uma melhor mobilidade dos toiros durante as lides de João Moura Jr., João Telles II e Francisco Palha
Gostei de ver os dois cabos a pegarem. Um de caras e para se despedir. O outro de cernelha com determinação e vontade.
Gostei de ver o brinde senhorial do cavaleiro Francisco Palha a Paulo Vacas de Carvalho, empresário que com Simão Comenda reconstruiu há mais de 20 anos a Praça de Montemor e a recolocou no calendário taurino com cartéis de prestígio.
Gostei de ver a determinação de António Calça e Pina na sua última pega e as palavras sentidas de despedida no brinde à sua Família.
Gostei de ver e retenho a imagem do forcado João da Câmara a emendar-se e bem na cara de um toiro que se arrancou de largo e que proporcionou uma bela pega com extraordinária primeira ajuda de Manuel Campilho.
Também gostei da poderosa pega de Francisco Barreto, consentindo uma investida larguíssima – de praça a praça - naquele toiro, quinto da ordem, bravo, que tinha proporcionado ao cavaleiro João Ribeiro Telles II uma bela lide e com ferros cravados com batidas ao piton contrário. Justa chamada à arena do ganadero Joaquim Alves para acompanhar cavaleiro e forcado a agradecerem enorme ovação.
Também me ficou de memória a pega do veteraníssimo Francisco Borges, ao toiro mais difícil e reservado nas investidas para a pega. Pega à terceira tentativa com determinação e garra a fechar uma valorosa presença do Grupo de Forcados Amadores de Montemor. Talvez, a colocação do toiro para a pega na primeira tentativa não tenha sido a melhor, porque este sexto teve uma querença acidental nos terrenos da porta dos cavalos…
O Grupo de Montemor tem tido ao longo do seu Historial excelentes rabejadores e foi com agrado que vi João José Comenda, que se voltou a fardar nesta corrida, e que rabejou dois toiros com aquela arte, saber e valor que em outros tempos nos habituou. Também Francisco Godinho rabejou com determinação e a vontade habitual que o caracteriza, não só na pega de cernelha mas também nas de caras onde teve boas intervenções. É, certamente, um dos melhores rabejadores da actualidade.
Não gostei de não ter sido tocado os acordes do Hino da Maria da Fonte, no inicio e antes do começo das cortesias. É uma tradição nas corridas de toiros em Portugal, que vem da Monarquia, da Primeira República, do Estado Novo e que por vezes é esquecida e que o Senhor Director da Corrida não deveria ter deixado passar ontem em Montemor, já que o maestro da Banda da Música não deve ter conhecimento para tanto.
Não gostei de ver sair à praça um incompleto jogo de cabrestos. Porque o seu número mínimo deve ser de 7 bois e não 6 como foram apresentados. Não é uma questão de Regulamento, mas sim uma necessidade para tapar os toiros nas pegas de cernelha.
Não gostei da péssima iluminação da Praça e como assim foram lidados os dois últimos toiros num perigoso lusco-fusco, com arriscadas sombras que podem resultar em colhidas.
Penso também que quando há passagem de testemunho na chefia dos Grupos, o cabo novo não deve vestir a jaqueta do cabo antigo, mas só receber em mão a jaqueta que foi despida por quem se despede do Grupo.