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Entra na arena majestoso
Com alegria fixa o olhar
Procura os vultos, vistoso
Altivo com a córnea no ar
Remata em tábuas altaneiro
Sem querer saltar a teia
Acomete para o toureiro
Sem ter querença feia
Vai com força aos enganos
Não se encosta na trincheira
Colhe lidadores insanos
É toiro p’ra gente toureira
Arranca de todos os terrenos
Na arena não vai a menos
Manuel Peralta Godinho e Cunha
Outubro de 2024
Barrete de campino
Há quem pense que as cores do barrete de campino e também do forcado – verde e encarnado – tem a ver com as cores da bandeira da República Portuguesa.
Porém o barrete verde debruado a encarnado é muito anterior à República (1910) como se pode ver no quadro a óleo que foi pintado por António Carvalho da Silva Porto que faleceu em 1893.
Em algumas antigas casas agrícolas, o maioral usava barrete azul debruado a encarnado para se distinguir dos outros campinos.
Manuel Peralta Godinho e Cunha
Outubro de 2024
Valor, coragem e saber
Estar de joelhos na arena
Olhar a porta do curro e ter
Noção toureira serena
Abrir o capote no momento
Investida ao toiro consentir
Sem temer o derrote violento
Coração, arrojo a permitir
Lance limpo, bem desenhado
Sair com donaire adequado
Depois, valentia vincada
Capote seguro numa mão
Mais uma larga cambiada
Lance de enorme emoção
Trazer o toiro dominado
Numa revolera rematada
Quase como um bailado
Em lide bem iniciada
Mistura de força e poder
Sinal de muito querer
Manuel Peralta Godinho e Cunha
Outubro de 2024
Um cavaleiro fez a despedida
Percurso real da sua vida
Terminou uma carreira
Tudo acaba o que começa
Tempo longo passou depressa
Das corridas a derradeira
Diziam-se impossíveis
Quase como imprevisíveis
Bandarilhas bem colocadas
Dominando bem as sortes
Os cavalos e os recortes
Em lides bem mostradas
De frente no bom sentido
Toureio sério e destemido
De fina arte corajosa
A cavalo bem montado
Nas praças com agrado
Deixa memória preciosa
Manuel Peralta Godinho e Cunha
Outubro de 2024
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Rui Salvador, cavaleiro tauromáquico com alternativa desde 1984, teve um percurso excelente na tauromaquia portuguesa foi uma figura do toureio a cavalo, tendo ficado conhecido pela crítica como o “cavaleiro dos ferros impossíveis”.
Despediu-se das arenas em Vila Franca de Xira em 8 de Outubro de 2024.
Frente ao touro estar sereno
Com pundonor, brio pleno
Abrir o capote com mestria
Touro e toureiro, uma imagem
Marcar a figura com coragem
Bregando com sabedoria
Lidar a cavalo à portuguesa
Arte Marialva de certeza
Com arrojo, toureio de frente
Ao “piton” contrário e emoção
Guardar a ética da tradição
Dominando sorte iminente
Portugal, o forcado e a pega
De caras ou cernelha, a entrega
Nas arenas toda a dignidade
Pegar touros, a jaqueta honrar
Sorriso de mulher alcançar
Saber estar com humildade
Manuel Peralta Godinho e Cunha
Outubro de 2024
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Na fotografia: Carlos Pegado (Amadores de Montemor)
Fotógrafo: Emílio de Jesus
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