O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.
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Não acontecia há algumas corridas! A Arena d’Évora teve hoje a honra de abertura com a Banda da Música a interpretar os acordes do “Hino da Maria da Fonte”, Hino que começou a ser tocado no reinado de Dona Maria II, quando foram restabelecidas as corridas que tinham sido suspensas durante nove meses pelo Partido Setembrista – a esquerda desses tempos – e essa música passou a ser um aviso aos anti-taurinos, numa manifestação de apoio à tauromaquia.
De aí em diante, os acordes do “Hino da Maria da Fonte” passaram a ser tocados em todas as Praças de Toiros de Portugal, quando entra o Director da Corrida – antes denominado Inteligente – por vontade popular e assim continuou durante a Primeira República, a Ditadura Militar, o Estado Novo e nesta Terceira República.
Porém, muito recentemente, nalgumas Praças de Toiros, a “Maria da Fonte” deixou de se fazer ouvir com a estranheza e desconfiança dos aficionados. Isso estava a acontecer em Évora e também em Montemor.
Mas parece que este assunto foi resolvido. Parabéns à Banda da Associação Filarmónica Liberalitas Júlia.
Um olé para o maestro António Alfaiate!
Manuel Peralta Godinho e Cunha
Julho de 2024
Pablo Hermoso, na despedida da Arena d’Évora, onde foi o grande triunfador
Corrida que se realizou na Arena d’Évora, com seis toiros da ganadaria Palha, para os cavaleiros Francisco Palha, António Prates e Tristão Ribeiro Telles. Pegaram em solitário os Forcados Amadores de Évora, com pegas de caras realizadas por João Madeira (1ª); Henrique Burguete (2ª); Ricardo Sousa (2ª); António Prazeres (3ª),João Cristóvão (2ª) e José Maria Caeiro (2ª).
Nas fotografias: João Madeira na sua despedida de forcado amador.
Sobre a corrida de 23 de Setembro de 2023 na Arena d’Évora algumas crónicas e artigos de opinião foram publicados e mais ou menos todos relacionados com o curro de toiros que Adolfo Martín enviou, pela primeira vez, para Portugal. Sobre isso a generalidade de opiniões é desfavorável ao ganadero que mandou para Évora um curro com idade e apresentação descuidada.
A ganadaria de Adolfo Martín, bem como a de Miura e de Victorino Martín, são consideradas como ganadarias duras, apreciadas em Espanha pelo público “torista”. Estes toiros saem à praça, em geral, agressivos e a não perdoarem erros durante a lide, razão pela qual algumas “figuras” não querem ser incluídas nos cartazes onde este tipo de toiros esteja anunciado.
Limpezas de curros todas as ganadarias fazem, mas nem todas as empresas aceitam e poucos toureiros se colocam em frente de toiros no limite de idade para serem lidados.
Toiros a mansear, difíceis e complicados, como o que abriu praça em Évora, já têm saído em praças de Portugal, poucos são quem os deseje lidar a cavalo e nem todos os grupos de forcados os querem pegar.
Ao contrário dos Amigos que ouvi ou li comentários pouco ou nada abonatórios sobre esta corrida, não saí da Praça de Évora assim tão triste e guardei para mim alguns motivos de interesse. Assim gostei de ver a determinação dos jovens cavaleiros Joaquim Brito Paes, António Ribeiro Telles II e Tristão Telles Queiroz e a dignidade e pundonor dos Forcados.
Penso que toiros assim, nenhum rejoneador espanhol os quereria lidar e ficou-me na memória a decisão e firmeza de Tristão Telles Queiroz.
Na arena e para pegar os seis “Adolfos” estiveram dois dos mais prestigiados Grupos de Forcados Amadores: de Montemor e de Évora e que, como é seu apanágio, resolveram e bem todas as situações. Recordo com satisfação, a determinação do cabo António Pena Monteiro (Montemor) na pega de cernelha ao toiro que abriu praça e a enorme segunda tentativa de João Maria Cristóvão (Évora) ao segundo toiro da ordem.
Creio que não haverá muitos Grupos de Forcados a querer pegar toiros de Adolfo Martín, mas tenho a certeza de que estes dois Grupos não se negariam a pegar outro curro desta ganadaria.
Na bilheteira ficaram muitos dos mais caros bilhetes do país, o que não permitiu aos aficionados de Évora encher a Praça.
Quando fiz as cortesias na Praça de Toiros do Redondo na primeira apresentação do Grupo de Forcados Amadores de Évora, em 11 de Agosto de 1963, não poderia imaginar que em 2023, quando se comemoram os 60 anos da fundação e antiguidade, iria assistir a uma emotiva corrida para a despedida do cabo João Pedro Viegas Nunes de Oliveira e ao jantar com mais de 200 Amigos do Grupo.
A fundação de um grupo de forcados é relativamente fácil e por isso ao logo do historial da tauromaquia portuguesa se pode verificar que foram muitos os grupos de forcados profissionais e amadores que se formaram, mas muito poucos os que conseguiram a sua permanência em anos seguidos nas arenas durante 60 anos e com actuações sequenciais.
Assim, se foram importantes os 15 fundadores do nosso Grupo, foram muito mais importantes os continuadores, nomeadamente os cabos que se seguiram a João António Nunes Patinhas e que possibilitaram que os Amadores de Évora tenham, efectivamente, 60 anos de antiguidade.
Quero expressar o meu agradecimento a todos os que se fardaram ao longo destes 60 anos – 61 épocas – e que possibilitaram de algum modo o nosso Grupo figurar entre os quatro Grupos com maior antiguidade do país, depois dos Amadores de Santarém, dos Amadores de Montemor e dos Amadores de Lisboa.
Mas para o Grupo atingir os 60 anos de actuações regulares, deve-se naturalmente a todos que envergaram a nossa jaqueta mas, principalmente, à determinação dos cabos que se seguiram ao Fundador João António Nunes Patinhas: João Pedro Pessoa Soares de Oliveira; João Pedro Murteira Rosado; Bernardo Salgueiro Patinhas; António Vaz Freire Alfacinha e João Pedro Viegas Nunes de Oliveira.
Contudo, é de elementar justiça destacar o nome de João Pedro Pessoa Soares de Oliveira, segundo cabo durante 12 anos, tendo iniciado essa função do ano de 1989, ano em que o Grupo fez uma única corrida – o Concurso de Ganadarias de Évora – e tudo indicava que não haveria condições para continuar. Tal não aconteceu pela sua força de vontade e perseverança que com total dedicação e muito valor soube reconduzir o Grupo para os principais lugares da tauromaquia portuguesa. Foi ele o homem certo, no momento certo.
Depois passaram mais 22 anos com momentos bons e menos bons, com alegrias e amarguras, que o Grupo ultrapassou e que está e estará para continuar.
Foi com agrado que ontem assisti à corrida, com a mudança de cabo para José Maria Caeiro e que estive no jantar do Grupo com a satisfação de na minha mesa estarem também alguns dos elementos fundadores: Francisco José Picão Abreu, Luís Rui Cabral, José do Rosário Maltez e João Berthelot Cortes.
Ao meu Amigo João Pedro Viegas Nunes de Oliveira, que ontem se despediu e entregou a jaqueta, quero lhe agradecer a sua dedicação na condução do Grupo desde 2017, bem como o seu desempenho durante o largo percurso como forcado amador.
Ao novo cabo José Maria Caeiro, eu e os fundadores do Grupo, desejamos-lhe as melhores felicidades e votos para continuar com a sua coragem para pegar toiros, mas também que não lhe falte sorte. A tal sorte que os cabos de forcados precisam a juntar à sua valentia, determinação, ética e saber-estar dos amadores que a corpo limpo enfrentam toiros neste país que inventou a pega.
É o Concurso de Ganadarias de Évora considerado de maior prestígio do país e apresentado desde 1960 com regularidade anual e seriedade.
Num Concurso deste nível o prémio mais importante é o de bravura, porque apresentação é certamente o aspeto que os ganaderos e a empresa têm em conta ao escolherem um toiro para Évora.
O prémio de bravura foi ontem atribuído pelo júri ao toiro de Branco Núncio e sem contestação do público e é sobre o público que desejo fazer referência neste meu escrito. Público de Évora que – em temos tauromáquicos – tem vindo a menos, ao fazer enorme ruído durante as lides, assobiando desnecessariamente sem saber porquê e não fazendo total silêncio durante o cite nas pegas de caras. Silêncio que era habitual nesta praça. Silêncio de respeito ao forcado.
Ao contrário de outros espectáculos, na corrida de toiros não deve haver claques ruidosas, gente exaltada e assobios avulsos.
Na corrida de toiros espera-se aplausos ou silêncio. Aplausos de agrado. Silêncio, para manifestar o respeito por quem se coloca em frente de um toiro. Silêncio que pode ser também de manifestação de desagrado por a actuação do toureiro ou do forcado ser inferior ao esperado.