O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.
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Em Portugal a apresentação na arena de todos os intervenientes na tourada chama-se “cortesias” e é um ritual taurino de grande beleza onde os cavaleiros devem fazer os “quartos” para cumprimentarem o público.
Portugal é o último reduto do toureio clássico a cavalo e nas “cortesias” pode-se verificar se os cavaleiros se apresentam aprumados nas selas, dominadores dos cavalos mandando-os mais com as pernas do que as rédeas, porque o perfeito conhecimento da equitação é uma condicionante para quem deseja tourear a cavalo à portuguesa.
A manutenção da actual tourada à portuguesa deve-se, em grande parte, às atitudes do cavaleiro João Branco Núncio, primeiro ao exigir a lide com toiros puros, que permitiu um toureio com mais arte e depois quando em 1945 firmou com a empresa do Campo Pequeno um contrato para quatro corridas nessa época e impôs como principal condição que só participaria nelas se tivesse que alternar com outro cavaleiro profissional e não sozinho como a empresa vinha a fazer em corridas anteriores onde eram lidados dois toiros para cavalo e seis toiros para a lide a pé.
O gesto de João Branco Núncio contrariou o “movimento espanholado” que se esboçava da tentativa a eliminação das cortesias à portuguesa e da não inclusão de forcados.
Mais tarde nos anos sessenta e já durante a responsabilidade de Manuel dos Santos na empresa do Campo Pequeno, também houve a tentativa de se lidarem toiros desembolados a cavalo e sem a intervenção dos forcados no final dessas lides, numa aproximação do “rejoneio” à espanhola e onde era incluído nesses cartazes o andaluz Álvaro Domecq Romero.
Tudo tentativas de se “espanholar” a corrida e que não foram bem aceites pelo público.
Vem isto a propósito de nas “cortesias” da última “Corrida TVI”, os cavaleiros não terem feito os “quartos” e se tal aconteceu deve ter sido por indicação da empresa, porém com a aceitação dos cavaleiros e a autorização do director da corrida.
Se são “cortesias a despachar” e mais fáceis para os cavaleiros, na realidade não passa de uma descaracterização da corrida de toiros à portuguesa e que não se deveria repetir nas praças de toiros de Portugal e muito menos no Campo Pequeno que é, por enquanto, a Catedral do Toureio a Cavalo.
Há diversas tauromaquias e todas devem ser respeitadas nos seus usos e costumes nos diversos países e regiões.
Esperemos que na próxima corrida que se realizará na Monumental do Campo Pequeno na noite de 6 deste mês de Setembro as cortesias sejam à portuguesa, porque estamos em Portugal.
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Na foto, captada pelo fotógrafo taurino João Silva, as "cortesias a despachar" que foram apresentadas pela televisão ao país.
Portugal é o último reduto do toureio clássico a cavalo e muitos foram os cavaleiros portugueses que ao longo dos séculos, com extraordinário valor, enfrentaram toiros. Famílias, de dinastias toureiras, marcaram na nossa tauromaquia nomes que ficarão sempre ligados à tauromaquia portuguesa: Casimiros, Barahonas, Mascarenhas, Veigas, Núncios, Salgueiros, Telles, etc.
Um dos primeiros cavaleiros a profissionalizar-se terá sido José Casimiro Monteiro – cerca do ano de 1875 – mas é no final do séc. XIX que o moderno toureio a cavalo começa a notabilizar-se com Alfredo Tinoco da Silva, Alfredo Marreca, José Bento d’Araújo, Victorino Froes, Fernando Oliveira, etc.
A maior exigência desses tempos era que os cavaleiros se apresentassem aprumados nas selas, dominadores dos cavalos, mandando mais com as pernas do que com as rédeas. O perfeito conhecimento da equitação era condicionante para quem desejava tourear a cavalo e os aficionados apreciavam muito as cortesias para verificarem como os cavaleiros desempenhavam os “quartos”, ladeavam e recuavam.
Em algumas corridas de 1948 e também em 1951 e 1952 na Praça de Santarém durante as cortesias os cavaleiros não realizaram os “quartos”, o que não agradou ao público e motivou enormes protestos na Praça e motivos dos críticos nas suas crónicas nos jornais.
Porque em Portugal as cortesias devem ser à portuguesa!