O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.
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Uma pequeníssima homenagem a alguns cavaleiros, já falecidos, que apreciei muito o seu toureio: Simão da Veiga Jr., Fernando Salgueiro, João Branco Núncio; José Barahona Núncio, David Ribeiro Telles e José Mestre Batista.
Nas corridas de toiros em Portugal do fim do século XIX e começo do século XX lidavam-se toiros a cavalo e a pé e os cartazes eram anunciados com um ou dois cavaleiros, alguns capinhas e um grupo de oito moços de forcado que lidavam e pegavam toiros que, em geral, já tinham sido corridos.
Por corrida eram lidados 10 ou 12 toiros embolados, sendo para cavalo dois a quatro toiros e os restantes eram toureados a pé pelos capinhas, com lances de capote e bandarilhados. Por vezes um ou outro capinha dava uns passes de muleta. Alguns toiros que assim tinham sido lidados, a cavalo ou a pé, eram pegados pelos forcados se para tal assim fosse indicado pelo Inteligente.
Esse tipo de tourada à portuguesa foi desaparecendo. Contudo, foi recreada na antiga Praça de Santarém, em 29 de Maio de 1960 num cartel composto pelos cavaleiros Alberto Luís Lopes, Dom Francisco Mascarenhas, Manuel Conde e David Ribeiro Telles e para a lide a pé os bandarilheiros António Badajoz e Manuel Badajoz que lidaram de capote e bandarilharam dois toiros. Todos os toiros dos Herdeiros de Emílio Infante da Câmara e Dom Duarte Atalaya foram pegados pelos Grupos de Forcados Amadores de Santarém e de Montemor, ficando na memória dos aficionados as três excelentes cernelhas executadas por Joaquim Lampreia e João d’Orey Pinheiro (Arnoso); António Zuzarte e Simão Comenda; José Custódio da Avó e Simão Comenda. Luís Freire Gameiro realizou a melhor pega de caras.
Anteriormente houve de parte de algumas empresas umas tentativas de aproximação da corrida ao uso de Espanha, só com um cavaleiro e três espadas. Corridas essas onde a actuação dos forcados era diminuta pegando só um ou dois toiros por corrida. Porém, já em 1894, por escritura pública subscrita pelos cavaleiros José Bento Araújo, Alfredo Tinoco da Silva, Fernando de Oliveira e Manuel Casimiro de Almeida, estes obrigavam-se a exercer em proveito comum a sua profissão de cavaleiros tauromáquicos e comprometiam-se a actuar nas Praças de Toiros do Campo Pequeno e na de Algés se pelo menos estivessem anunciados dois cavaleiros.
Depois foram as épocas das corridas mistas, com 8 toiros, dois cavaleiros, dois espadas e um grupo de forcados.
Mas a manutenção da actual corrida à portuguesa deve-se muito às atitudes do cavaleiro João Branco Núncio. Primeiro ao exigir a lide com toiros puros, que permitiu um toureio com mais arte e, também, a evolução da pega. Depois quando em 1945 firmou com a empresa do Campo Pequeno um contrato de quatro corridas nessa época e impôs como principal condição que só participaria nelas se tivesse que alternar com outro cavaleiro profissional e não sozinho como a empresa queria e vinha fazendo em corridas anteriores. O gesto de João Núncio contrariou o movimento espanholado que se esboçava, de um só cavaleiro por corrida, da tentativa da eliminação das cortesias à portuguesa e da não inclusão de forcados.
Mais tarde, a corrida chamada “à portuguesa”, com seis toiros, só com cavaleiros e forcados passou a ter a preferência do público.
Hoje tudo está diferente. Os toiros mais encastados, resultado de uma melhor selecção da parte dos ganaderos, permitiram uma evolução na pega de caras, com o forcado marcando os momentos do toureio: “parar, mandar e templar”, só possível em toiros encastados e que humilham. O público já se habituou a fazer silêncio durante o cite, demonstrando um respeito pelo forcado.
Quanto à “Arte de Marialva” – como tem sido conhecido o nosso toureio a cavalo – vai tendo transformações. Os novos cavaleiros portugueses que vão aparecendo gostam de confirmar as alternativas em Espanha numa atitude de vassalagem impensável há uns anos atrás. Por outro lado, alguns rejoneadores espanhóis apresentam-se em Portugal com excelentes cavalos num estilo de toureio que tenta aproximar-se à lide à portuguesa, sem rojões de castigo, toureando mais de frente e com menos recortes, que agrada ao público, enchendo as praças.
Porém, o suporte da corrida à portuguesa parece serem os forcados amadores, que de caras – e algumas vezes de cernelha – emocionam os aficionados com valorosas pegas e enorme agrado dos empresários que têm grande oferta e fácil escolha.