O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.
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Botão de rosa, entre as rosas da jaqueta do forcado.
Em Reguengos naquela tarde, tudo consumado.
Escarlates de sangue, serão rosas encantadas?
Flores bonitas, amarelas e quase encarnadas…
No verde da rama, no perfume das pétalas, o cheiro
Da arena, do chão molhado, tinto de sangue quente.
Para Évora, flores da terra, flores do prado.
Depois daquela pega, de garbo, brilhante e valente.
Na praça a multidão agita-se, há música e palmas,
Ao som da vitória, ergue-se o ramo com flores de glória
Botão de rosa, entre as rosas de cores celestiais.
Ramo com cores da terra, quase encarnadas e imortais
Levantadas no chão, embrulhadas na poeira, feitas de valor,
Da garra, no destemor, na nobreza da beleza d’uma pega
Bizarra. De largo, o toiro carrega, numa força derradeira,
Até às tábuas, levando à frente, de rompante, de repente.
Ao som da música, como hino à ética, à decisão, à vontade
Aquele que a morte desafia, com valor e arte verdadeira.
Jaqueta rasgada, ensanguentada, a honra defendida.
Gritos, palmas e mais palmas, no alvoroço da surpresa.
Flores quase encarnadas…de sangue, qual cor perdida
Naquela tarde…com poucos forcados…tanta grandeza.
Manuel Peralta Godinho e Cunha
Poema que compus depois da corrida que se realizou em Reguengos de Monsaraz em 15 de Agosto de 1978, por João Nunes Patinhas, com 42 anos de idade, ter pegado o último e maior toiro dessa tarde.
Corrida à portuguesa com 6 toiros para os Grupos de Montemor e de Évora.
A expectativa era grande, porque o cabo João Patinhas só podia contar com 8 forcados e constava que o Grupo iria acabar.
Os Grupos de Montemor e de Évora fardaram-se no mesmo local e o cabo António José Zuzarte sabendo que o Grupo de Évora, uma hora antes do início da corrida, ainda não tinha os oito elementos para fazer as cortesias, foi ter com João Patinhas e disse que caso fosse necessário ele poderia contar com dois ou três elementos do Grupo de Montemor para ajudar a pegar os toiros.Tal não chegou a ser necessário, porque no início da corrida apareceram dois forcados já retirados – Francisco José Abreu e António Paula Soares – que se fardaram e que completaram o desfalcado Grupo de Évora.
Durante toda a sua vida João Patinhas não se esqueceu desse facto e sempre reconheceu essa nobre atitude de António José Zuzarte com elevação e enorme respeito.
Tarde de glória para o Grupo de Évora, com as pegas realizadas por Luís Caldeira Barradas, João Cortez Pereira e João Nunes Patinhas.
João Patinhas brindou a pega à sua Mãe, depois dirigiu-se à banda da música e mandou tocar. Só depois iniciou o cite ao som de um poso-doble!
Hoje, dia 23 de Julho de 2020, faz 100 anos que foi feito o registo oficial de nascimento de Amália, se bem que ela tivesse sempre dito que nasceu em 1 de Julho de 1920.
Sobre Amália Rodrigues já tudo foi dito e escrito e para a generalidade dos portugueses ela terá sido a maior fadista de sempre e a sua voz foi reconhecida como divina nos maiores palcos do mundo.
Para os aficionados ela também foi uma referência importante e assistia com regularidade ao espectáculo português de que tanto gostava.
Na realidade a tourada e o fado sempre estiveram ligados e em geral os retiros onde se canta o fado estão decorados com motivos taurinos e cartazes de toiros.
Nesta foto o forcado João Nunes Patinhas – dos Amadores de Santarém – recebendo de Amália um ramo de flores, depois de ter pegado um dos toiros na inauguração da Praça de Toiros do Montijo em 1 de Setembro de 1957.
Realizou-se em 7 de Janeiro de 2019, e como habitualmente na Pousada dos Loios, o jantar mensal da Tertúlia Tauromáquica Eborense e desta vez de homenagem ao Grupo de Forcados Amadores de Évora que em 2018 completou 55 anos ininterruptos na nobre arte de pegar toiros.
Assim e como convidado de honra esteve presente o actual cabo João Pedro Nunes Oliveira e que se fez acompanhar pelos antigos cabos João Pedro Soares Oliveira e António Vaz Freire Alfacinha que deram os seus testemunhos recordando diversos momentos do interessante Historial de um Grupo que pela primeira vez se apresentou ao público em 11 de Agosto de 1963 e sob o comando de João Nunes Patinhas e que ao longo destes 55 anos honrou a Tauromaquia Portuguesa, o Forcado Amador e divulgou a cidade de Évora em todas as Praça de Toiros portuguesas e em muitas outras no estrangeiro.
Foi mais um agradável jantar de uma Tertúlia de amigos aficionados e que desejam continuar a defender a tauromaquia.
A revista “Novo Burladero” – a comemorar os seus 40 anos de existência – dedicou a edição deste mês de Março aos forcados.
Uma boa e merecida iniciativa do Director desta revista taurina – João Queiroz – porque nos últimos anos são os grupos de forcados o suporte das bilheteiras na Festa em Portugal.
E se esta edição já estava programada há muito tempo sobre este tema, o que não se esperava há uns meses é que na capa da revista aparecessem as fotos de duas figuras que à pega dedicaram grande parte das suas vidas: João Nunes Patinhas e António Manuel Cardoso, antigos cabos de grupos de forcados e que faleceram no mesmo dia: 1 de Fevereiro de 2018. Assim e muito naturalmente algumas páginas da revista são em sua memória.
Também os habituais e interessantes artigos de opinião do Director “Uma frase para meditar” – a de Néstor García; de David Leandro “A Temporada” – que tendo em conta a música e as voltas à arena, há sempre um, dois ou três triunfos em cada corrida; de Martim Avillez Figueiredo – que propõe apenas que se entenda que a liberdade da comoção não pode ser proibida; de Bernardo Patinhas – apresentando o quase amaricado toiro “Ferdinando” que se tivesse a sorte de investir em vez de vir com uma mensagem muito pouco sublimar, olharia pelo canto do olho para ver se via pendurado no Palco Presidencial o lenço laranja e a possibilidade de regressar ao campo e às vacas; de Luís Valença – o “Menino” vendido e comprado anualmente, por seis vezes, pelo mesmo vendedor e comprador e habitante solitário num Palacete do Campo Grande; de Catarina Bexiga – o silêncio do inverno e o não aproveitamento para se encontrarem soluções precisas para Festa em Portugal e em Espanha; de António José Zuzarte – Uma Senhora das Candeias mais negra com as notícias do falecimento, no mesmo dia, de dois amigos; de José Cáceres – a progressiva selecção do toiro de lide que tem proporcionado a evolução do forcado e a pega cada vez mais técnica; de Jorge Faria – as recordações dos forcados e pegas que lhe ficaram de memória. Também, entre outras notícias, os oportunos Picotazos de Luís Toucinho.
Enfim, uma revista com muito para ler… que não esqueceu também de Hélder Antoño, uma memória de Alcochete. Que não esqueceu essa lenda da forcadagem de Santarém, esse enorme cernelheiro e cabo de forcados inesquecível, que foi Ricardo Rhodes Sérgio.
Ricardo Rhodes Sérgio, também recordado – numa antiga entrevista – por Nuno Salvação Barreto, que demonstrou enorme elevação ao se referir com apreço ao cabo do Grupo de Santarém. Grupo que, nesses tempos, não repartia a arena com o Grupo de Lisboa.
Parabéns a João Queiroz por esta revista tão bem concebida.
Um reparo:
Nuno Salvação Barreto nunca poderia ter “subjugado” mais de 500 toiros. Nem ele nem ninguém!
O Grupo de Forcados Amadores de Lisboa teve a sua fundação em 1944. Nuno Salvação Barreto tentou fazer a última das suas pegas de caras em Julho de 1964, na corrida onde actuou também o matador de toiros espanhol El Cordobés. De 1944 a 1964 passaram 20 anos. Para Nuno Salvação Barreto ter tido a possibilidade de pegar 500 toiros teria que o seu Grupo ter actuado em 25 corridas por ano e nesse período o cabo ter pegado em todas as corridas. É uma questão de matemática…
Ontem, 5 de Março de 2018, realizou-se na Pousada Convento de Évora – mais conhecida por Pousada dos Loios – o segundo jantar deste ano, dado que não se efectuou em Fevereiro o habitual jantar mensal por motivo de luto. Luto por alguém que a Tertúlia Tauromáquica Eborense recorda com grande saudade: João António Nunes Patinhas.
Assim, o jantar iniciou-se com um minuto de silêncio por três taurinos falecidos recentemente: João Patinhas, António Manuel Cardoso “Nené” e Manuel Pereira Cipriano “Badajoz”. Minuto de silêncio também em memória de Joaquim Augusto Serrão Fialho falecido há precisamente um ano.
Foi portanto um jantar onde pairou um ambiente de saudade sem convidado especial e onde se recordou que esta é uma Tertúlia com um cunho muito peculiar, sui generis, começando por ninguém saber ao certo a data da fundação, mas que pode ter sido em 1998 ou 1999; por ter funcionando sempre e sem interrupções com um jantar mensal na primeira segunda-feira de cada mês; por não estar registada nem ter corpos sociais; não ter presidente e funcionar assim, bem. Muito bem.
Bem também na escolha dos tertúlianos que são, evidentemente, aficionados tauromáquicos mas cuja admissão é feita por convite e onde há a concordância dos restantes.
Porém, em qualquer circunstância onde haja muitas pessoas haverá sempre a necessidade de alguém que se destaque para orientar, para mandar ou coordenar as ideias, as intenções. Há sempre uma necessidade imperiosa que assim seja, porque a tendência natural de qualquer clube, empresa ou grupo é a desorganização se houver falta de liderança.
No caso da Tertúlia Tauromáquica Eborense essa liderança foi natural, informal, sem eleições ou mandatos durante todos os anos da sua existência e protagonizada por João Patinhas.
A partir de ontem passou a ser de António Mexia de Almeida a quem ficou entregue o futuro próximo da Tertúlia, sem prazo, sem mandato, sem estatutos e sem juramentos. Só com a confiança de todos.
O Nico Mexia passou a ser o novo cuidador da Tertúlia, terá dois colaboradores mais próximo e a confiança de uma Tertúlia de aficionados que só deseja o bem da Festa.
“A particularidade deste livro é a de ser o primeiro em todo o mundo sobre a figura de um forcado e o desejo de deixar mais um registo de um tema que é um símbolo nacional e que está muito relacionado com o Alentejo e as suas tradições: a PEGA que em Évora é vista na sua praça de toiros em silêncio, o tal silêncio que deve envolver o cite, o momento tão grande de um tempo tão curto desta arte bem portuguesa de pegar toiros e que João Patinhas tão bem dignificou.” – 1ª. edição
“João Patinhas envergou com dignidade as jaquetas de três dos principais grupos de forcados amadores: de Santarém, de Montemor-o-Novo e de Évora e à Câmara Municipal de Santarém se deve a iniciativa desta 2ª. edição, por o seu Presidente, Dr. Francisco Moita Flores, se ter interessado na sua divulgação no Dia de Portugal, que neste ano de 2009 tem as suas comemorações nesta cidade que é a capital do Ribatejo.
Ribatejo que está habituado ver os seus jovens bater as palmas aos toiros, que sabe que a pega é um símbolo nacional e que esta nos distingue das outras tauromaquias.” – 2ª edição
Nas minhas palavras de agradecimento no livro João Patinhas – Um Forcado
1ª. Edição: Novembro de 2008
2ª. Edição: Maio de 2009
Nas Fotos:
Aquando do lançamento da 1ª. edição do livro “João Patinhas – Um Forcado” em Dezembro de 2008 – João António Nunes Patinhas, Manuel Peralta Godinho e Cunha e João Pedro Murteira Rosado.
2ª. edição do livro “João Patinhas – Um Forcado”
Nota explicativa: Quando se aproximava o 45º. Aniversário do Grupo de Forcados Amadores de Évora, conversei com o cabo João Pedro Rosado sobre a ideia de se fazer um livro sobre João Patinhas cuja presença nas arenas tinha sido de 34 anos, dos quais 26 a comandar o Grupo de Évora. Imediatamente João Pedro Rosado concordou com a ideia e falámos depois com João Patinhas para lhe perguntar se concordava e autorizava. João Patinhas ficou admirado e naturalmente consentiu que se avançasse com o projecto. Fez-se uma edição de 400 exemplares que se esgotaram rapidamente.
Em Abril de 2009 o Dr. Francisco Moita Flores – Presidente da Câmara Municipal de Santarém – conversou com João Patinhas com o objectivo de fazer uma encomenda de 200 livros que desejava adquirir para a Câmara poder oferecer aos embaixadores dos países representados no nosso país e a outras personalidades porque o Dia de Portugal seria comemorado nesse ano na cidade de Santarém. Assim e para se poder fazer esse fornecimento a Associação de Forcados Amadores de Évora resolveu fazer a 2ª. edição de 400 exemplares.