O conteúdo deste blogue é da responsabilidade de MANUEL PERALTA GODINHO E CUNHA e pode ser reproduzido noutros sítios que não pertençam ao autor porque o importante é a divulgação da tauromaquia.
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Aqui está uma fotografia (Artex-Foto) que documenta um dos aspectos das Festas da Escola de Regentes Agrícolas de Évora: a Garraiada.
Nesses tempos as academias não tinham essas angustias existenciais que actualmente se verificam, onde parte dos alunos ficam hoje atormentados se nas suas Festas for incluída uma garraiada e fazem plenários e enormes discussões, uns contra e outros a favor.
Em Évora e nos anos 60 estava tudo definido. Mantinham-se as tradições e no caso da Escola Agrícola todos os anos havia a Garraiada numa tarde de Maio na Praça de Toiros; à noite o Baile de Gala nas instalações da Escola, na Herdade da Mitra; no dia seguinte mais um baile durante a tarde, a que se chamava “Chá Dançante”.
A Garraiada era um espectáculo com enormes tradições em Évora e os “diestros” e respectivas madrinhas desfilavam em carros descapotáveis nas ruas de Évora e esse cortejo dirigia-se à Praça de Toiros para se realizar o espectáculo e sempre com a lotação esgotada. O povo de Évora queria e gostava da Garraiada da Escola Agrícola e enchia a Praça.
Ao contrário do que hoje se verifica, não havia discussões partidárias relacionadas com a realização da Garraiada, o Baile de Gala era o de maior importância no Alentejo e o Chá Dançante servia para confirmar algum namoro começado de véspera.
Na Praça de Toiros de Évora em 20 de Setembro de 1964, quatro elementos fundadores do Grupo de Forcados Amadores de Évora: João Nunes Patinhas, Manuel Ramos de Figueiredo, Dom João Mário de Saldanha e João Bonneville Franco, que infelizmente já não estão entre nós, tal como Joaquim Manuel Goucha, Joaquim Serrão Fialho e António Oleiro Maltez.
Aqui faz-se referência aos fundadores mas naturalmente que esta recordação de saudade é extensiva a todos os outros que também envergaram a jaqueta do Grupo de Forcados Amadores de Évora e que infelizmente já faleceram.
No começo de Novembro é habitual uma invocação aos familiares que já partiram e o Grupo de Évora é, também, uma grande família.
Palavras de Nuno Cabral – antigo forcado do Grupo de Forcados Amadores de Évora :
“Seguido de um minuto de silêncio em homenagem ao falecido António Maltez, começou a corrida.
O primeiro toiro que coube ao Grupo de Évora foi pegado por João Patinhas, que brindou no meio da arena em memória do grande amigo e forcado António Maltez.
Citando de mais de meia praça, executou com galhardia e arte uma grande e rija pega.
O segundo foi pegado pelo José Manuel Navalhinhas e o terceiro por Lela Brito.
Rabejei três.
O prémio de bravura coube ao ganadero David Ribeiro Telles e o de apresentação ao Engº. Joaquim Grave.”
Testemunho relacionado com a corrida Concurso de Ganadarias de 26 de Maio de 1974 - no livro 40 Anos do Grupo de Forcados Amadores de Évora
1ª. Edição: Novembro de 2008
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Na Foto: O cabo João Patinhas brindando à memória de António Maltez.
Palavras de António Mexia de Almeida – antigo forcado dos Grupos de Évora e de Santarém:
“O jantar foi no Monte das Flores. Jantámos com o Grupo de Montemor. Esteve tudo animado. Houve discursos dos bons e à antiga. O António José Zuzarte disse que ficava mais um ano a comandar o Grupo. No final falou o João Patinhas, botando um discurso que eu nunca mais esquecerei.”
Testemunho relacionado com a corrida Concurso de Ganadarias de 18 de Maio de 1975 - no livro 40 Anos do Grupo de Forcados Amadores de Évora
1ª. Edição: Novembro de 2008
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Na Foto: Os Grupos de Forcados Amadores de Montemor e de Évora comandados por António José Zuzarte e João Nunes Patinhas.
Nessa corrida 17º.Concurso de Ganadarias o prémio de bravura foi ganho pelo toiro “Bailarino” da ganadaria de Dom João de Noronha (divisa encarnado e azul).
Pelo Grupo de Forcados Amadores de Montemor pegaram de caras os forcados João Marujo Caixinha, Baltazar Abelha de Matos e Francisco Chaveiro.
Pelo Grupo de Forcados Amadores de Évora pegaram de caras os forcados João Nunes Patinhas, Francisco Flores e João Saragoça.
Palavras de João Bonneville Franco – Antigo forcado dos Amadores de Évora e dos Amadores de Santarém:
“Conheci o João Patinhas quando ele ainda pegava no Grupo de Santarém, já lá vão mais de 50 anos. Era na altura um dos pilares daquele extraordinário Grupo, valente, seguro e mandão com os toiros. Sabia vê-los, sabia pegá-los (…) Na minha vida de forcado, foi com ele que aprendi tudo o que sei sobre a Pega. Foi em Évora que me fiz forcado, mas foi também em Évora que encontrei além do enorme forcado, o “Homem Verdadeiro e Bom” que se chama João António Nunes Patinhas que é meu Amigo. ”
Parte do seu Testemunho no livro João Patinhas – Um Forcado
1ª. Edição: Novembro de 2008
2ª. Edição: Maio de 2009
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Na Foto: A pega de João Patinhas na Praça de Toiros de Évora em 14 de Junho de 1968 com a primeira ajuda de João Bonneville Franco.
Para o dia 1 de Junho de 1972 esteve anunciada para a Monumental do Campo Pequeno a famosa Corrida a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro e no programa constava que os 6 poderosos toiros de Dom Luís Passanha seriam pegados pelos Forcados Amadores de Santarém e de Montemor, mas cerca de uma semana antes foi divulgada a notícia de que José Manuel Souto Barreiros, cabo do Grupo de Santarém, teria rejeitado a corrida.
Assim, foi anunciado que sozinho o Grupo de Montemor pegaria os 6 toiros. Uma encerrona!
Foi uma corrida duríssima e cinco dos poderosos toiros foram valorosamente pegados de caras e com o significativo reaparecimento de forcados já retirados, como Simão Comenda e Zita Cortes que se voltaram a fardar à pressa para completar o Grupo que já estava desfalcado por alguns terem recolhido à enfermaria e o Cabo António José Zuzarte para o hospital.
A pega de João Caixinha, ao segundo da ordem, foi uma maravilha. Marcou os tempos do toureio – Parar, Mandar e Templar – e realizou a melhor pega da noite.
Um toiro não foi pegado, não obstante as diversas tentativas de vários forcados. Porém o público reconheceu o enorme esforço e valentia e a imprensa taurina manifestou nas crónicas a dignidade e ética do Grupo de Forcados Amadores de Montemor.
Entretanto o Grupo de Santarém não demorou a dar resposta e para o dia 29 de Junho de 1972 anunciou-se para pegar 12 toiros, sendo 8 em Évora na corrida de São Pedro (4 de Veiga Teixeira e 4 de Murteira Grave) e mais 4 na corrida nocturna do Campo Pequeno (da ganadaria de Dona Maria Ana Passanha).
12 toiros para o Grupo comandado por José Manuel Souto Barreiros.
Cerca de 6. 000 Kgs. de toiros para um só Grupo e em menos de 24 horas nunca tal tinha acontecido! Provavelmente nunca mais aconteceu.
Na foto José Manuel Souto Barreiros, cabo do Grupo de Forcados Amadores de Santarém no período de 1 de Junho de 1969 a 17 de Junho de 1979.
Foto de 14 de Maio de 2005 aquando do 46º. Concurso de Ganadarias da Praça de Toiros de Évora onde se podem ver alguns aficionados “de solera”.
Nessa Corrida tourearam os cavaleiros João Moura, António Ribeiro Telles e Rui Salvador.
Pelo Grupo de Forcados Amadores de Montemor, comandado por Rodrigo Corrêa de Sá, pegaram de caras Francisco Mira, José Maria Cortes e João Mantas.
Pelo Grupo de Forcados Amadores de Évora, comandados por João Pedro Rosado, pegaram de caras Francisco Tadeu Garcia, Bernardo Salgueiro Patinhas e Manuel Rovisco Pais.
O júri concedeu o Prémio de Bravura ao toiro “Ébolo” da ganadaria de Luís Rocha” (divisa azul, branco e ouro).
Depois a Praça entrou em obras de renovação e reabriu em 2007 denominada Arena d’Évora.